São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Soja durante a colheita terá preço acima de 93

FLÁVIO ROBERTO DE FRANÇA JR
DA AGÊNCIA SAFRAS

O momento exige muita atenção dos produtores de soja, pois podemos estar passando pelo topo dos preços deste ano em Chicago. A menos que novas quebras de safra ocorram em 1994, teremos cotações sustentadas apenas pela demanda e pelos baixos estoques de passagem.
O aumento na área plantada foi de 7% para 93/94 e com o bom clima predominante estima-se que o Brasil possa colher uma produção superior a 24 milhões de t, bem superior aos 22,4 milhões de t da safra passada e possivelmente um novo recorde.
Se confirmado, esse resultado é entrave para a elevação dos preços durante o ano, principalmente no período de colheita. Conjugando esse fator ao aumento da área e à possibilidade de uma boa safra na Argentina, além do provável aumento no plantio dos EUA, 94 deverá se caracterizar como um ano de recuperação da oferta. Com isso será difícil conseguirmos manter o atual patamar de preços da soja, na faixa de US$ 7,00/bushel em Chicago.
O tom ainda firme do mercado está por conta dos baixos estoques, dos problemas de teor de óleo e da possibilidade de queda na produção norte-americana. Apesar disso, o mercado tem condições de assegurar as cotações acima da casa dos US$ 6,00 em boa parte deste primeiro semestre, pois o aumento na safra da América do Sul não será suficiente para cobrir o déficit mundial.
No Brasil, embora a safra esteja prevista com aumento e o quadro de oferta deva ser folgado, poderemos ter redução nos estoques finais, caso se confirmem as boas perspectivas para a demanda. A quebra na safra dos EUA provocará aumento das compras do produto brasileiro. Até o final de dezembro, cerca de 25% da safra brasileira já havia sido negociada. Isso pode representar fôlego extra, a exemplo do que ocorreu em 93, evitando pressão maior de venda na colheita.
Acompanhar com atenção o desempenho no Brasil e Argentina é importante recomendação, pois é grande a sensibilidade em Chicago para a produção nesses dois países. Na ausência de surpresas, a saída será ganhar na média, com maior volume de vendas antecipadas e comercialização escalonada no restante. Evitar concentrar vendas durante março e abril, em função da natural pressão exercida pela colheita, bem como pelo aumento da área nos EUA. Mas sempre tendo em mente que, apesar da maior safra, espera-se que as cotações nesse período estejam pelo menos cerca de US$ 1,00/saca acima de igual período no ano passado.

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