São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Canoa furada; Ocupando espaço; Tiro ao alvo; Defesa doméstica; Do sonho ao pesadelo; Ampliando o déficit; Três opções; Controle no laço; Inadimplente; Pena maior

DO SONHO AO PESADELO

Canoa furada
Aliados importantes que FHC poderia ter no PFL acharam que o ministro jogou errado ao lançar-se candidato já: "É ruim para ele e para o plano. Ele ainda não apresentou nenhum êxito. Ninguém vai embarcar nesta canoa agora."

Ocupando espaço
Líderes no Congresso avaliavam ontem que, ao precipitar o lançamento de sua candidatura, FHC atingiu ao menos um objetivo estratégico: ocupar o espaço deixado por Maluf e polarizar o debate eleitoral com Lula.

Tiro ao alvo
O líder José Fortunati diz que o PT não mudará sua posição em relação ao Plano FHC: "Não somos como ele, que optou por uma campanha irresponsável no momento em que o Congresso é chamado a votar um plano."

Defesa doméstica
Beni Veras (PSDB-CE) saiu em defesa de FHC. "Podem acusá-lo de querer ser candidato, mas nunca de fazer política eleitoreira. Afinal, seu plano econômico mexe no bolso de todo mundo e isto não rende votos"
afirmou.

José Genoíno (PT-SP), defensor de uma aliança com o PSDB, está furioso com FHC. Diz que os ataques dele a Lula fulminaram qualquer aproximação e deram munição aos petistas radicais.

Ampliando o Déficit
Itamar antecipou para o último dia útil do mês trabalhado o pagamento dos servidores. Assim a União pagará
14 salários em 94, ampliando em US$ 1,8 bi o déficit financeiro. Sorte de seu sucessor que só paga´r 12 salários em 95

Três opções
Reunido com o presidente de uma estatal que não queria reajustar tarifas no limite da inflação, FHC ameaçou:"Se você não o fizer, seu sucessor o fará". Ele reuniu-se com dirigentes da Petrobás, Telebrás e Eletrobás.

Controle no laço
Para fugir ao controle de preços tradicional, o governo levantou os reajustes cobrados por empresas nos últimos dois anos. O próximo passo é ameaçar as que aumentaram demais com um processo por abuso de poder econômico.

Inadimplente
José Carlos dos Santos, que delatou os "anões" do Orçamento, não está conseguindo resgatar empréstimos que fez a terceiros. Sem dinheiro apelou aos advogados para que cobrem as dívidas.

Pena maior
Passarinho e Roberto Magalhães decidiram dar apoio para o projeto que aumenta de três para oito anos o período de ineligibilidade de parlamentares cassados. A aprovação do projeto vai ser sugerida no relatório
final da CPI.
Hoje se improvisa; Ladeira acima; Trilhos azeitados; Cartada devisiva; Pedras no caminho; Último a saber; TIROTEIO
18/01/94
Autor: IRENE . ASTG
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Edição: NacionalTamanho: G 314 palavrasJAN 18, 1994
Seção: PAINEL
Observações: CONTINUAÇÃO
Hoje se improvisa
Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) estréia hoje como líder do governo. Terá 24 horas para negociar o Plano FHC antes da votação na comissão que o analisa. E o mesmo prazo para votar a MP que pune a não emissão de nota fiscal.

Ladeira acima
Aliados de FHC acham que o governo deve centrar fogo amanhã na votação do relatório da comissão parlamentar que analisou o plano. Se for aprovado, avaliam, fica mais favorável o clima para votar o ajuste fiscal.

Trilhos azeitados
Implicado até o pescoço na CPI do Orçamento, o governador Joaquim Roriz (PP-DF) foi prestigiado pela área econômica. Os US$ 30 milhões do metrô de Brasília passaram incólumes pelos cortes no Orçamento da União para 94.

Cartada decisiva
Muitos caciques do Congresso estão pagando para ver o governo reunir o quórum de 400 parlamentares na quarta para votar duas MPs do Plano FHC. A bolsa de apostas é contrária ao Planalto.

Pedras no caminho
São dois, por enquanto, os grupos organizados contra as MPs tributárias. A bancada ruralista combate a nova alíquota do ITR. Um grupo multipartidário é contra o aumento de alíquotas do IR.

Último a saber
Alguém da área econômica incluiu no Orçamento de 94 dotações do Ministério dos Transportes para o metrô de Belo Horizonte e para dois trechos de estradas mineiras sem o conhencimento do ex-ministro Alberto Goldman.

TIROTEIO
– O ministro está usando o cargo público para lançar sua candidatura e, como os velhos coronéis nordestinos, quer trocar cesta básica por voto. Itamar vai ter que explicar como o programa de combate à fome se transformou em meio de campanha para FHC.
– O Fernando Henrique é um político com mandato e é perfeitamente legítimo que queira continuar assim.

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