São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Surge nova versão sobre a morte de Cruz

DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Carlos Torres, motorista autônomo, prestou ontem depoimento de quatro horas à polícia e apresentou mais uma versão sobre a morte do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior, presidente do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABC, no último dia 6.
Torres afirmou ao delegado Nelson Guimarães, responsável pelo inquérito, que na hora do crime Cruz estava trancado na sala com seu rival político, José Carlos de Souza, o Carlinhos, quando José Benedito de Souza, o Zezé, matou-o. A versão contradiz a de Carlinhos, que disse ter fugido da sala ao ouvir os tiros.
O testemunho de Torres também se opõe ao de José Basílio dos Santos, ex-diretor do sindicato, que sustenta ter visto a porta aberta, o que lhe teria dado condições de ver o crime. Agora o delegado deve fazer uma acareação entre as três testemunhas, na tentativa de reconstituir a cena do crime. Tanto Torres como Santos eram aliados do ex-presidente. Cruz foi o responsável por denúncias sobre o uso eleitoral da máquina da CUT em favor do PT.
"Depois que ouvi disparos voltei para lá. O Zezé apontou um revólver contra o meu peito e disse 'dá licença, sai da frente, já matei um e não custa matar outro", afirmou Torres. Cícero Novaes, que também depôs à polícia, declarou que, duas horas antes do crime, a divisória da sala de Cruz havia sido quebrada a pontapés –o que para o polícia é um indício de que uma ação violenta estava sendo premeditada contra o sindicalista assassinado.
A assessora financeira do sindicato, Sonia Aparecida de Carvalho, afirmou ontem que o coordenador de Saúde e Meio Ambiente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Nilton Teixeira, exigiu em 92 a formação de um caixa dois para a arrecadação de dinheiro para o projeto que visava unificar os sindicatos dos condutores de toda a Grande São Paulo.
A assessora disse que presenciou uma reunião entre Teixeira e Cruz: "Teixeira falou que queria um caixa dois para controlar a máquina sindical. Cruz recusou e ganhou a ira de Teixeira." Teixeira negou as acusações. Sonia foi afastada do cargo pelo novo presidente do sindicato, Cícero Bezerra da Silva.

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