São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Moradores protestam contra aterro de lagos

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O aterramento dos quatro lagos que existiam atrás do prédio da administração do Instituto Butantan (zona oeste) está causando protestos de moradores vizinhos, de especialistas em pássaros e de entidades ambientalistas. A diretoria do instituto decidiu jogar entulho nos lagos alegando que eles atraíam ladrões nos finais de semana, quando centenas de pessoas nadavam ou tomavam sol no local.
Os lagos foram aterrados em novembro passado. A Polícia Florestal embargou a obra no mesmo mês. "Nós pretendíamos colocar uma camada de terra fértil sobre os entulhos para refazer a vegetação do local, mas a obra foi embargada e nós paramos", diz Isaias Raw, diretor do Butantã.
Raw atribui as críticas ao aterramento aos "ecoburros": "Os lagos não eram naturais, foram criados artificialmente. Nós só queremos deixar o ecossistema como era em 1982."
Segundo o diretor do Butantan, os turistas que vão ao parque estão sendo assaltados: "Nós não temos condições de gastar mais dinheiro com seguranças", afirmou.
Os primeiros protestos contra o aterramento foram feitos pelo Centro de Estudos Ornitológicos, entidade especializada no estudo de pássaros. A entidade procurou a Ordem dos Advogados do Brasil afirmando que o fim dos lagos prejudica pássaros raros.
O aterramento pode custar um processo ao Instituto Butantan. O presidente da Comissão de Meio Ambiente da seção paulista da OAB, Antônio Pinheiro Pedro, entrou com representação na Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual solicitando abertura de inquérito. "Solicitamos que os lagos sejam refeitos."
O economista Carlos Alberto Zarattini, que mora próximo ao instituto, organiza protestos de moradores contra o aterramento. "A área era muito usada para lazer pelos vizinhos e por funcionários da Universidade de São Paulo", diz. (Luis Henrique Amaral)

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