São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pescadores do Ceará acham barco fantasma

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Uma embarcação, tipo veleiro, de bandeira francesa foi encontrada, sem tripulantes, por cinco pescadores na praia de Almofala (240 km ao norte de Fortaleza), às 11h20 do último sábado. A Capitania dos Portos do Ceará abre hoje inquérito para apurar o destino da tripulação do barco, denominado Lune. Até ontem, a Capitania dos Portos não tinha pistas sobre o que aconteceu com a tripulação.
O proprietário do veleiro foi identificado como o francês Jean-Gilbert Gerard Brondoit, residente na cidade de Nice, França. O passaporte de Brondoit registra que o barco saiu de Gibraltar (Espanha) em 21 de setembro de 1993. No dia 25 de setembro, a embarcação chegou a Vila Moura (Portugal), onde permaneceu até o dia 11 de novembro. A última parada de Brondoit foi na Ilha de Cabo Verde, em 3 de dezembro. Ali, Brondoit teria declarado que zarparia com destino a Montevidéu e Rio de Janeiro.
Segundo Brandão, a embarcação tem 8,5 m de comprimento por 2,5 m de largura. Foi encontrada sem nenhum dano e apresentava perfeitas condições de navegabilidade. Estava com as velas içadas e o piloto automático ligado.
Na embarcação foram encontrados vários álbuns de fotografias onde aparecem três homens e duas mulheres, máquinas para fotografia aquática, equipamentos de pesca, fitas cassetes, filmadoras e alimentos.
Segundo delegado de Acaraú (233 km ao norte de Fortaleza), José Airton da Silva, foram encontradas roupas suficientes para vestir um homem, uma mulher e duas crianças. Em sua passagem por Vila Moura, Brondoit declarou na Capitania dos Portos que viajava em companhia de uma pessoa identificada apenas como "Chopiu.
Ontem, um navio da Capitania dos Portos iniciou o reboque do barco Lune para Fortaleza. Segundo Brandão, o inquérito será aberto depois da chegada do barco a Fortaleza, hoje à tarde.
Marinha
O Comando da Marinha solicitou a todas as embarcações em território brasileiro que estejam alertas para a possível localização dos tripulantes do barco Lune. O comandante da Capitania dos Portos do Ceará, Pelágio Brandão, só vai organizar operações de busca depois de ter informações detalhadas sobre o trajeto da embarcação.
Segundo Brandão, a hipótese mais provável para o desaparecimento da tripulação seria um "fato de navegação" que os teria jogado para o mar. "Como a embarcação era muito estreita, é provável que, se eles não estavam amarrados ao barco, uma onda mais forte os tenha jogado no mar", disse Brandão.
O comandante da Capitania disse que, apesar da embarcação possuir sofisticados equipamentos de comunicação, como computadores, bússolas eletrônicas e radares, a Marinha brasileira não registrou pedidos de socorro. O barco foi encontrado sem que os seus equipamentos salva-vidas tenham sido usados e com reserva de combustível.
Mistério
A vila de Almofala tem história repleta de mitos e lendas. Ali, no ano de 1945, a população viu ressurgir da areia das dunas a Igreja de Nossa Senhora de Almofala, que permaneceu soterrada por mais de 49 anos.

Texto Anterior: Moradores protestam contra aterro de lagos
Próximo Texto: Local é zona de calmarias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.