São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Brasileiros e veteranos levantaram festival

ALEX ANTUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Jorge Ben foi "desplugado", e retirado do palco do Hollywood Rock. Não conseguiu tocar as quatro últimas músicas previstas para seu bis ("Alkohol", "Engenho de de Dentro", "Cowboy Jorge", "Taj Mahal'). Tudo para que entrasse a chatinha Whitney Houston.
O Sepultura foi programado, desprogramado, reprogramado. Estressados com os problemas de som (que com certeza não costumam enfrentar em suas turnês no Primeiro Mundo), ameaçaram abandonar o palco duas vezes. Foi só com muita garra que conseguiram acabar –e bem– o show.
São sintomas do desentendimento que dominou a programação deste ano. Foi notável a incapacidade de trazer bandas internacionais "contemporâneas" com o impacto do Nirvana, Chili Peppers, L7 ou Living Colour –insistentemente citados, numa enquete informal realizada pela reportagem da Folhaentre o público, como shows que marcaram. É de duvidar que o inexpressivo Live ou o meia-bomba Ugly Kid Joe sejam lembrados, no ano que vem. Poison? Nem brinque.
A responsabilidade sobrou para os velhinhos Plant e Aerosmith –que, diga-se de passagem, desincumbiram-se com a maior dignidade. Tudo isso para constatar que, com uma ou duas substuições, ou apenas com alterações na ordem das apresentações, o festival poderia ter sido bem melhor.
Insisto em que a melhor das três noites –a mais coesa, menos conturbada, com o maior número de atrações realmente legais– foi a terceira. Aí, o equívoco de escalação (Whitney fechando) pelo menos permitiu que a moçada fosse embora mais cedo.
A trindade
A terceira noite, aliás, foi emblemática: o encontro de três gerações do pop nacional. Fernandinha, Ben Jor e Skank não se poupam elogios mútuos, e deixaram a imagem aí em cima como lembrança. Whitney pareceu outro show, outra noite, outro lugar.
Skank, Fernandinha e Ben Jor dão shows bem diferentes. Os mineiros mais diretos, engraçados e animadinhos. Levantaram a platéia. Fernanda esbanjou sofisticação, das coreografias coletivas à utilização de imagens editadas de clipes no telão. Queixos caíram. E Ben Jor é Ben Jor, pronto. Uma noite completa. Os três mereciam da organização pelo menos o tratamento que tiveram do público.

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