São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Quem presta atenção?

ZECA CAMARGO

Então "Angels in America" tem o mérito de chamar atenção do grande público "não-especializado" para os conflitos e emoções homossexuais contemporâneos. Mas quem está prestando atenção?
Pegue por exemplo um casal de turistas que outro dia assistia "Perestroika" (a segunda parte da peça), sem nem saber que era uma continuação (de "Millennium Approaches"). Durante os intervalos, os comentários do grupo eram do tipo "Nova York é o máximo!" (era a primeira vez deles). Eventualmente eles lembraram de uma passagem onde um ator coloca a mão dentro da calça do outro.
Parece que o público de "Angels in America" está mais preocupado em ver uma atração turística do que uma discussão de valores. É show business, tudo bem. Mas Tony Kushner, também tem culpa em não prender mais a atenção do público com uma história incompleta em "Millenium", que se perde em "Perestroika".
As óbvias piadas gays ajudam o público a rir. Mas se esse é o objetivo, é melhor ver "Jeffrey", do ótimo Paul Rudnick, que corajosamente fez uma comédia sobre esses tempos de Aids.

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