São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 1994
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E lá vêm os descamisados canarinhos

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, a notícia de ontem mais importante para o futebol brasileiro veio através do Mário Magalhães, da Sucursal do Rio desta Folha.
Sete em cada dez jogadores profissionais de futebol no Brasil ganham entre um e dois salários mínimos mensais.
Com estes salários, o destino teria que ser mesmo bastante generoso com a criatividade do jogador brasileiro. Lá vem o Brasil descendo a ladeira.
Quando se leva em consideração esta conjuntura, descobrimos que é espantoso o potencial de renovação de jogadores que este país consegue –e está aí a Copa São Paulo da teenbolada para confirmar.
O moleque que teve sorte de ser escolhido para receber a sua lapidação profissional em um São Paulo ou em um Corinthians, por exemplo, é um diamante raro e privilegiado, contra uma base de descamisados do futebol.
Enquanto isto, os futuros concorrentes na Europa estão sendo bem nutridos e bem preparados física e intelectualmente (há um consenso cada vez maior entre os técnicos de qualquer esporte que, hoje em dia, a cabeça do atleta é tão fundamental quanto o corpo. Quem não acreditar que pergunte ao Nuno Cobra).
Apesar disso tudo, praticamos hoje um futebol superior ao da Itália e ao da Espanha, apenas para citar dois países que possuem campeonatos milionários.
É por estas e outras que o Gabriel, The Thinker, tem toda razão quando afirma em seu rap-rapadura que a gente abala quando quer, a gente abala se quiser.
A gente há-bola quando quer.
A segunda melhor notícia para o futebol também veio do mesmo repórter e da mesma Sucursal.
Os principais times do país passarão a votar nas eleições para a presidência da CBF.
Não significa –pelo que entendi– uma grande virada de mesa. As federações estaduais, que não são nenhum modelo de eficiência administrativa, continuariam a ter um peso maior na escolha do presidente.
Mas não é nada, não é nada, já se pode ir pensando em uma mexidinha. Até porque São Paulo, onde os clubes passaram a ter uma gestão administrativa mais moderna, aumentou o seu peso relativo no colégio eleitoral.
Meu bem, meu mal
Bem lembrado pelo Helena (da nossa equipe de juniores), que na Europa, além da venda dos ingressos antecipados, os clubes concorrem a pelo menos quatro posições dentro do chamado sistema de pontos corridos –que será adotado pelo Paulistão que começa neste sábado.
A Federação Paulista de Futebol tentou montar um esquema parecido. Criou a chamada Copa Bandeirante, que seria disputada pelo campeão paulista mais os cinco times de melhor indíce técnico (maior número de pontos ganhos).
O campeão paulista e o campeão da Copa Bandeirante serão os representantes de São Paulo na Copa Brasil.
Desta maneira, mesmo que um time dispare na primeira colocação, o campeonato não perderia o seu interesse porque valeria ainda a disputa pelo acesso à Copa Brasil.
Além disso, a Federação reservou-se o direito de elaborar uma tabela dirigida do segundo turno. Pode ser uma decisão sábia, pois ela fica com o poder de dificultar o caminho do time que disparou na frente.
Como também pode ser um convite irrecusável para as velhas e conhecidas patifarias.
Em qual das duas alternativas você joga as suas fichas?

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