São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 1994
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Baterista da banda prefere ouvir rap

DO "NOTÍCIAS POPULARES"

Ironia: em casa, John Stanier, baterista do Helmet, banda que representa o mais puro rock branco americano, gosta mesmo é de escutar rap. Ele disse por telefone à Folha, de Nova York, que é no hip-hop onde acontecem as mudanças mais radicais e as experimentações mais avançadas da cena pop. Daí o inusitado interesse.
A adoração é tanta que o Helmet já chamou um produtor especializado em música negra para produzir seu próximo álbum, que começa a ser gravado logo depois da excursão ao Brasil. Abaixo, os principais trechos da entrevista.
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Folha - Não é meio estranho tocar no Brasil? Você esperava tocar num lugar assim?
Stanier - Não e sim. Faz tempo que a gente quer ir pra América do Sul.
Folha - Mas é só por curiosidade ou porque vocês sabem que têm um bom público aqui?
Stanier - Claro que uma banda quer tocar em quantos lugares puder. Mas, fora isso, eu sempre quis saber como é que é aí em baixo.
Folha - Vocês não lançaram nada em 93...
Stanier - Não. Mas, assim que voltarmos do Brasil, vamos pro estúdio gravar nosso próximo disco, que sai na primavera daqui.
Folha - Quando saiu o "Meantime", em 1992, vocês diziam que já estavam compondo material novo. Agora, já faz mais de um ano e nada...
Stanier - É verdade. Mas isso é porque estamos em turnê há muito, muito tempo. Sem parar.
Folha - Vocês estão com um novo guitarrista?
Stanier - É. Rob Echeverria, que era do Rest in Pieces. Depois que voltamos de Austrália e Japão, não estava mais dando certo com o Peter Mengede.
Folha - No começo de carreira, vocês quatro sempre diziam que o Helmet era a única banda em que gostariam de tocar. Agora, um já saiu.
Stanier - Eu sei... É que não estava dando certo. Havia muita tensão na banda. É a história típica do que acontece em uma banda depois de um tempo.
Folha - Vocês estão excursionando direto, mas só têm dois LPs. Não enche o saco tocar sempre as mesmas músicas durante tanto tempo?
Stanier - O meu não, porque gosto muito das músicas. Excursionar é assim mesmo. A gente não chega a se encher. Quer dizer... As vezes enche.
Folha - Toda vez que alguém fala no Helmet, aparecem os mesmos adjetivos: cerebral, disciplinado, mecânico. Você não acha que o próprio estilo que vocês se impõem força a banda a se repetir?
Stanier - Claro... É por isso que esse próximo disco vai ser muito diferente. Ainda vai ser um disco do Helmet, mas não quremos ser uma banda que se repete. Bandas assim já existem aos montes. Têm aquele som delas e fica nisso. Nós vamos experimentar. O cara que vai produzir nosso novo disco é o T. Ray, que já fez muito hip-hop, com Cypress Hill, House of Pain etc.
Folha - E o que você tem escutado?
Stanier - Muito rap. Acho que tem muita coisa nova acontecendo no rap. São muitas mudanças. E muito rápidas.

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