São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 1994 |
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Prejuízo em Los Angeles pode chegar a US$ 30 bi
ANA MARIA BAHIANA
No terceiro dia depois do terremoto, boa parte de Los Angeles começa a voltar a algo parecido com a vida normal. A terra continua a tremer, o que é esperado –mais de 1.500 choques secundários com intensidades entre 4 e 5,5 na escala Richter já sacudiram a região desde o primeiro impacto, de 6,6 graus. Cerca de 55 mil casas continuavam sem energia elétrica no final da tarde de ontem; 40 mil não tinham água. A não ser que um tremor mais forte –acima de 5 graus– abale a região (uma probabilidade de 33%, segundo o California Technology Institute), o problema para a maioria dos angelenos, agora, é retornar à rotina. Os telefonemas para bairros do vale de San Fernando continuam funcionando irregularmente e várias comunidades ainda estão sem correio. Moradores do vale e da região oeste de Los Angeles devem ferver água, pois está contaminada. Há cerca de 20 mil pessoas desabrigadas –ou porque suas moradias desabaram ou porque estão condenadas pela segurança pública. Ou ainda porque, como o escritor e roteirista Hal Anatol, de Sherman Oaks, recusam-se a voltar para debaixo de um teto, traumatizados pelos tremores. "Eu me sinto como se estivesse dentro de um de meus piores pesadelos, sem, conseguir sair", diz Anatol. "Desenvolvi claustrofobia instantânea." Escritórios, bancos e lojas voltam, pouco a pouco, a funcionar. Para os funcionários e professores do Santa Monica College, o problema é recolocar nas estantes da biblioteca mais de 100 mil livros espalhados pelo chão. Os cinemas, como todo o comércio não-essencial de Los Angeles, estão fechados ainda. O histórico Chinese Theater de Hollywood talvez tenha sofrido danos estruturais graves. O ar carregado de poeira deve melhorar amanhã, quando, dizem os metereologistas, chega à costa da Califórnia uma forte frente fria, trazendo ventos e chuvas. Clinton deveria visitar ainda ontem as áreas mais atingidas, inclusive o prédio em Northridge cujo desabamento matou 16 pessoas. Em carta ao presidente, Pete Wilson estimou os prejuízos em algo entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões. A cifra mais alta igualaria o terremoto à tragédia mais custosa da história dos EUA –o furacão Andrew, que devastou a Flórida e a Louisiana em 1992. Texto Anterior: Etnias inspiram nova coleção de Paco Rabanne Próximo Texto: Pobres sofrem mais com o terremoto Índice |
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