São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Ibsen desaparece e é xingado em ato no RS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E

Na véspera da apresentação do relatório final da CPI, o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) conseguiu driblar os jornalistas que o procuravam por toda parte no Congresso. Embora seu gabinete informasse que ele estava na casa, Ibsen não foi visto no plenário nem no salão verde da Câmara, por onde circulava com desenvoltura até surgirem as primeiras denúncias na CPI. Ibsen, porém, não conseguiu escapar de uma ofensas durante ato público realizado ontem em Porto Alegre, seu reduto eleitoral.
Ex-líder da bancada peemedebista e ex-presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro foi colhido pela CPI do Orçamento no auge de sua carreira, quando –designado relator do regimento da revisão constitucional– despontava como uma alternativa do partido para a sucessão de Itamar Franco.
Abatido e vários quilos mais magro, Ibsen ainda tentava, na quarta-feira, convencer alguns parlamentares de que as denúncias contra ele não tinham fundamento. As explicações dadas até agora não convenceram a CPI, que deve incluí-lo no relatório como um dos candidatos à cassação.
Em seu depoimento à comissão de inquérito, Ibsen não deu explicações satisfatórias sobre a origem de pelo menos US$ 102 mil que passaram por suas contas bancárias nos últimos anos. Também ficaram dúvidas sobre a procedência do dinheiro usado na compra de um apartamento.
A situação de Ibsen começou a se complicar quando a CPI descobriu três cheques depositados em sua conta pelo ex-líder do PMDB Genebaldo Correia (BA), no total de US$ 40 mil. Ibsen alegou que o dinheiro seria usado na compra de um carro para Genebaldo, mas a versão não convenceu.
Ibsen foi chamado de "corrupto" em ato público realizado em seu Estado. Cartazes reproduzindo lápides, com o nome de Ibsen ao lado da palavra "corrupto", foram exibidos em uma manifestação que percorreu vários pontos de Porto Alegre, da manhã até a tarde de ontem. O ato foi organizado por várias entidades e partidos políticos, liderados pela CUT, PT e Movimento Sem-Terra.
Os cerca de 120 manifestantes, na avaliação da PM, se concentraram na chamada "esquina democrática", no centro da cidade. Os demais parlamentares com cassação prevista também tiveram seus nomes escritos em cartazes durante o "enterro da corrupção", como o ato foi denominado pelos seus organizadores. Eles condenaram os "corruptores" e atacaram a revisão constitucional.

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