São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Acusado faz até greve de fome em protesto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera da leitura do relatório, muitos parlamentares ainda faziam gestões junto à CPI na tentativa de sair das listas parciais de cassação, preparadas pelas subcomissões. O caso mais grave foi do deputado Uldurico Pinto (PSB-BA), que acusava o coordenador da subcomissão de Bancos, Benito Gama (PFL-BA), de tentar incluí-lo no relatório devido à disputa política no Estado. Em protesto, Uldurico entrou em greve de fome.
Ontem o deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) escapou por pouco de começar o dia sofrendo a pressão pessoal de um dos parlamentares que deve entrar na lista de cassações. O deputado Messias Góis (PFL-SE) chegou à casa do relator às 7h30. Não encontrou Magalhães, que tinha saído quarenta e cinco minutos antes para gravar um programa de televisão. O motivo de sua visita não era um singelo café da manhã –Góis queria uma "explicação" de Magalhães "sobre uma notícia que saiu truncada", a respeito de suas ligações para empreiteiras.
O gabinete do presidente da CPI, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA) foi o mais procurado para reclamações. O advogado do deputado Manoel Moreira (PMDB-SP), Salvador Liserre, queria entregar dois requerimentos questionando os "critérios" utilizados pelas subcomissões. Não foi recebido.
Alguns ânimos estavam exaltados. O deputado Carlos Benevides (PMDB-CE), encontrou logo cedo o deputado José Genoino (PT-SP) no corredor da Câmara, e falou, em tom pouco amistoso: "Obrigado pelo que você fez comigo." Genoino desconversou. No final da tarde, Benevides trancou o gabinete e tirou a plaquinha de identificação da porta.
O evangélico João de Deus Antunes (PPR-RS), procurado por uma repórter, entoava cânticos religiosos. Disse apenas que ia para Porto Alegre acompanhar a votação ao lado da família, e chorou. "Se pelo menos tudo isso fosse verdade...", reclamou. Paes Landim (PFL-PI) perguntava a todos os deputados se tinham visto seu nome no relatório da Subcomissão de Emendas, "apenas por curiosidade".
A tribuna do plenário foi utilizada por Uldurico Pinto e por Ricardo Fiuza (PFL-PE), que chegou a se exaltar, chamando o senador José Paulo Bisol (PSB-RS) de "mentiroso e desonesto". Foi advertido pelo vice-presidente da Casa, Adylson Mota (PMDB-RS) que observasse o regimento. "Estou sofrendo um linchamento público sem direito de defesa", queixou-se Fiuza.

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