São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Hitchcock é pura coincidência, diz diretor

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Mórbido, sanguinolento, sórdido, machista, sub-Hitchcock. Já xingaram de muitas coisas o diretor Brian De Palma, 53, mas ele não está rodando o mundo para tirar satisfações, e sim para tirar o pé do lodo de três sucessivos fiascos de público e crítica –"Pecados de Guerra", "A Fogueira das Vaidades" e "Síndrome de Cain"– promovendo seu último filme, "O Pagamento Final".
Mês e meio atrás, ele passou dois dias no Rio, vendendo seu peixe, e depois rumou para o México. Se não alterou sua agenda, deve estar agora na Europa, eventualmente cercado por aqueles que admiram seus truques, seu naturalismo estilizado e seu gosto por trivialidades escabrosas e assassinatos em elevadores.
"Não, por favor, isso eu não faço mais", ressalvou, tão logo toquei em sua obsessão por assassinatos em elevadores. De fato, em seu mais novo "thriller", os bandidos tentam matar Sean Penn do lado de fora de um elevador.
Alto, grandalhão, sisudo e antipático, De Palma não decepciona quem não gosta de seus filmes. Confirmando sua tendência ao "voyeurismo", tem a mania de registrar com uma minúscula videocâmera aqueles que o entrevistam. É ele quem faz as primeiras perguntas. "Seu nome?" "Para qual jornal você trabalha?" Em seguida, o repórter é liberado: "Agora podemos começar".
*
Folha - "O Pagamento Final" teve uma boa largada no mercado americano, não?
Brian De Palma - US$ 25 milhões nas três primeiras semanas. Otima renda.
Folha - Parece ser unânime a opinião de que é seu melhor filme desde "Os Intocáveis". Qual dos dois lhe deu mais trabalho para dirigir?
Folha - Os dois filmes terminam numa estação de trem. Se considerarmos que Hitchcock...
Folha - Mas há outra cena de notória inspiração hitchcockiana: quando Al Pacino se mistura a um grupo de policiais para se proteger dos mafiosos.
Folha - A propósito, qual o filme de Hitchcock que o sr. mais aprecia?
Folha - O sr. já foi montador, mas os seus filmes, como os de Hitchcock, não se definem na sala de montagem, certo?
Folha - Há uns dez anos, o sr. disse que sua carreira tivera dois momentos decisivos: "Irmãs Diabólicas" (Sisters) e "Carrie, a Estranha". O primeiro lhe teria dado "know how" técnico e o segundo, independência econômica. Desde então sua carreira teve algum outro "turning point"?
Folha - Quais são os grandes cineastas da sua geração?
Folha - E fora do cinema americano?
Folha - O sr. continua sendo fã de Jean-Luc Godard?
Folha - Algum projeto novo em vista?

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