São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Magalhães faz treze citações

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O deputado Roberto Magalhães, em sete páginas de apresentação ao relatório final da CPI do Orçamento, conseguiu encaixar 13 citações de pensadores, políticos ou filósofos, mas ao mesmo tempo forneceu uma prova de que sua bibliografia não está muito atualizada. O caçula dos citados foi Rui Barbosa, que morreu em 1923.
Aristóteles, que viveu há 25 séculos, é o mais velho e mereceu duas citações. Do Renascimento e adjacências, o relator citou três autores e também incluiu dois homens de igreja, os padres Manuel Bernardes e Antônio Vieira.
As relações entre a ética e a política são um tema bastante antigo e o anacronismo cometido pelo relator da CPI possui certa justificação. Da antiguidade, Magalhães lembrou Cícero –"a coisa pública é a coisa do povo"– e Tito Lívio que analisou a existência de corrupção em Roma.
Considerações sobre corrupção mais recente surgiram na boca de Nicolau Maquiavel (século 16), em sua crítica aos príncipes que, ao serem pobres e desejarem viver como ricos, recorriam "a todas as rapinagens". Lonrenzo de Medici e o cardeal de Richelieu enveredaram por críticas e advertências parecidas e foram igualmente citados por Magalhães.
A citação mais longa foi transcrita em epíteto. Trata-se de uma advertência ao Congresso, feita por Abraham Lincoln, o presidente norte-americano assassinado em 1865, que possui o seguinte trecho: "O julgamento a que seremos submetidos nos fará jazer em honra ou desonra até a última geração".
Dia
Magalhães acordou ontem com duas preocupações –justificar a retirada de última hora de quatro nomes que estavam na lista de cassação e mandar comprar pastilhas refrescantes para atenuar a irritação da garganta com a leitura do relatório.
Após falar por telefone com três de seus quatro filhos, em Recife, e tomar café com a mulher, Jane, e com seu chefe de gabinete, Paulo Oliveira, Magalhães procurou rebater as críticas que recebeu por ter retirado da lista de cassação os nomes de quatro parlamentares.

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