São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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CPI sugere que investigação continue

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A falta de tempo para analisar as acusações contra 14 dos 43 parlamentares acusados levou o relator da CPI, deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), a sugerir a continuidade das investigações nesses casos. Dependendo da situação, a investigação será feita pelas mesas da Câmara ou do Senado ou pelo Ministério Público.
A maioria dos parlamentares deverá ser investigada por supostas ligações com o esquema de corrupção do Orçamento. Dos 14, 8 são citados em documentos apreendidos na casa do diretor da Odebrecht Ailton Reis: os deputados José Luiz Maia (PPR-PI); Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP); José Carlos Aleluia (PFL-BA); Mussa Demes (PFL-PI); Pedro Irujo (PMDB-BA); Pinheiro Landim (PMDB-CE) e Messias Góis (PFL-SE) e o senador Dario Pereira (PFL-RN).
Em todos os casos de citação em documentos da Odebrecht é sugerida a continuidade de investigações pela casa respectiva (Câmara ou Senado). A única exceção é o deputado Messias Góis, em relação ao qual o relatório propõe apenas o envio dos dados ao Ministério Público para apuração de "eventuais ilícitos jurídico-fiscais".
Problemas com a Receita Federal também justificaram o pedido de continuidade de investigações em relação aos deputados Gastone Righi (PTB-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ). Em ambos os casos, a CPI não constatou vinculações com o esquema de corrupção do Orçamento, mas verificou problemas com o Imposto de Renda. Apesar da semelhança, as soluções para os dois casos são diferentes. O relatório sugere que Righi seja investigado pela mesa da Câmara, e Jefferson, pelo Ministério Público.
As investigações também continuarão em relação aos deputados Paes Landim (PFL-PI), José Carlos Vasconcelos (PRN-PE), Jesus Tajra (PFL-PI) e Uldurico Pinto (PSB-BA). Eles estão fora dos documentos da Odebrecht. Porém, as investigações não provaram sua total desvinculação do esquema de manipulação de verbas orçamentárias.
A CPI iniciou seus trabalhos em 20 de outubro e deveria encerrá-los 45 dias depois. Em dezembro, foi decidida a prorrogação dos trabalhos por mais 45 dias. Antes do final do prazo, foi aprovada a prorrogação por mais uma semana, para leitura do relatório final. Esse período se encerraria no próximo dia 24.
O mais provável é que as investigações, se tiverem continuidade, sejam feitas individualmente e não em bloco, como ocorreu durante a CPI. Se forem comprovadas as acusações, as próprias mesas da Câmara e do Senado poderão iniciar os processos de cassação dos parlamentares.

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