São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Castradora do marido é absolvida nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVADE WASHINGTON
DE WASHINGTON

Lorena Bobbitt, 24, a mulher que cortou o pênis do marido, foi absolvida ontem das acusações de agressão com dolo e ferimento ilegal contra John Wayne Bobbitt, 26. O júri de sete mulheres e cinco homens na cidade de Manassas, região metropolitana de Washington, aceitou por unanimidade a tese da defesa de que ela agiu por insanidade temporária.
No dia 23 de junho de 1993, Lorena diz ter sido estuprada pelo marido e, depois, num "impulso irresistível", pegou uma faca de cozinha e cortou o pênis dele. John Bobbitt também foi absolvido, em novembro passado, da acusação de estupro marital. Seu pênis foi reimplantado em cirurgia de nove horas e meia de duração.
O juiz Herman Whisenant determinou que Lorena Bobbitt fique sob custódia do Estado de Virgínia em uma instituição pública de saúde mental por um máximo de 45 dias para que psiquiatras determinem se ela ameaça a sociedade. A defesa protestou, sob o argumento de que os psiquiatras ouvidos na corte a consideraram sã.
Se condenada, Lorena poderia ter recebido pena de cadeia de até 20 anos e ter sido deportada para o Equador, seu país natal. Depois do julgamento, ela divulgou nota na qual diz amar os EUA e expressa sua solidariedade a outras mulheres violentadas pelos maridos, como ela alega ter sido em quatro anos e meio de casamento.
O promotor público, Paul Ebert, em entrevista coletiva depois da decisão do júri, afirmou ter "uma certa dose de simpatia" por Lorena Bobbitt, mas que "isso não justifica o que ela fez". Para surpresa de vários observadores, Ebert admitiu nos seus argumentos finais ao júri que a evidência mostrava que Lorena havia sido estuprada na noite de 23 de junho.
Ebert argumentou que Lorena dispunha de opções legais para reagir às agressões do marido e que a vingança não é aceitável. Os advogados de defesa disseram que o casamento de Lorena foi "um reino de terror" que a levou a agir de maneira impensada.
Em Waynesville, Carolina do Norte, Costa Leste do país, Cynthia Mason Gillett, 28, também saiu em liberdade ontem de um tribunal, onde era acusada de ter colocado acetona e fogo no pênis do marido, Gursham Gillett, 27. O marido se recusou a depor contra ela. Cynthia foi condenada a 240 horas de serviços comunitários. O casal está reconciliado.

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