São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994
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PQU vai a leilão hoje após 6 adiamentos

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Após seis adiamentos ao longo do ano passado, a PQU (Petroquímica União), central de matérias-primas do pólo petroquímico de São Paulo, vai a leilão hoje, às 14h, na Bolsa do Rio, para ser privatizada.
O BNDES, gestor do programa de privatização, avalia que, por conta da defasagem entre o câmbio e a TR (Taxa Referencial), o preço da empresa na moeda norte-americana caiu de US$ 340 milhões para US$ 330 milhões. Do total vendido, 30% terão que ser pagos em dinheiro.
Serão colocados à venda 50% do capital da empresa mais uma ação, para caracterizar a transferência do controle acionário do Estado para o setor privado. Atualmente a PQU é controlada pela Petroquisa (subsidiária da Petrobrás), dona de 67,78% do seu capital.
Para o presidente da Comissão Diretora do programa de privatização, André Franco Montoro Filho, a venda da PQU desata um "nó" no andamento do programa. Ele acredita que este ano as privatizações andarão bem mais depressa que em 93.
Mas nem tudo que será ofertado no leilão de hoje deve ser vendido. Osparticipantes do leilão devem se contentar com a compra de 37,5% do capital da empresa (ou 75% do total ofertado), quantidade mínima que o governo exige para validar o leilão.
A se confirmar essa tendência, a Petroquisa permanecerá com 20% do capital da empresa, ficando 10% com os 1.300 empregados da PQU. O maior acionista individual passará a ser a Unipar (sociedade dos grupos Odebrecht e Vila Velha), que detém 28,9% do capital da central petroquímica.
O principal comprador no leilão deverá ser um consórcio formado pelos principais consumidores das matérias-primas produzidas pela PQU a partir da nafta fornecida pela Petrobrás. O grupo é formado pelas empresaa Union Carbide, Polibrasil, Oxiteno S.A. e CBE (Companhia Brasileira de Estireno).
Foi a resistência dos compradores que gerou a maior parte dos adiamentos do leilão da PQU. Para comprar a empresa eles exigiam do governo a publicação de uma fórmula para o cálculo do preço da nafta e a certeza de que não teriam que cobrir o chamado "passivo ambiental" da empresa (multas e instalação de equipamentos anti-poluição), avaliado em US$ 200 milhões, imediatamente após a privatização.
No final do ano passado a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) publicou um comunicado se dispondo a discutir com os novos donos da empresa o problema ambiental. E no começo deste mês o governo definiu uma fórmula para calcular o preço da nafta que agradou aos empresários.
O Sindicato dos Químicos do ABC está tentando na Justiça evitar que o leilão seja realizado.

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