São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994
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Fazenda teme conversão salarial pelo pico

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das principais preocupações do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, com a implantação da URV (Unidade Real de Valor) no próximo mês relaciona-se com os salários do setor privado. Apesar de a política oficial ser a livre negociação, FHC pretende induzir os empresários a converter os salários pela média. A equipe econômica teme que a conversão em URVs pelo pico gere uma bolha de consumo semelhante à do Plano Cruzado.
A Fazenda alega que houve um crescimento da massa salarial ao longo de 93. Por isso mesmo, em reuniões reservadas, formuladores do Plano FHC, como o secretário de Política Econômica, Winston Fritsch, e o assessor especial, Edmar Bacha, defendem a conversão dos salários em URV pela média dos últimos quatro meses.
A Fazenda, segundo a Folha apurou, está convencida de que dificilmente os trabalhadores conseguirão converter os salários pelo pico. A equipe lembra que os empresários terão sempre o argumento de os salários têm que seguir o mesmo critério de conversão dos preços, pela média.
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, e o assessor especial da Fazenda para Assuntos Institucionais, José Miltom Dallari Soares, coordenam os estudos sobre as regras de conversão de preços em URVs. Até agora, a equipe não acertou ainda a própria fórmula do novo indexador. Todos estão cautelosos para evitar que a correção dos impostos pela URV seja alvo de contestação jurídica.
O Banco Central estuda com a assessoria jurídica várias opções de índices de preços que poderiam ser incorporados à fórmula da URV. Na última semana, a preferência dos técnicos recaía sobre o IPCA (Indice Preços ao Consumidor Ampliado, do IBGE), e o IGP-DI (Indice Geral de Preços-Disponibilidade Interna, da FGV).
Outra preocupação de FHC são os preços dos contratos de prestação de serviços. Na Argentina, no plano Domingo Cavallo, os preços de serviços ficaram no pico, bem acima dos demais. A intenção da Fazenda é deixar que o próprio mercado se adapte. Mesmo assim, o governo editará MP permitindo mudanças de indexadores nos contratos, mediante repactuação de ambas as partes.

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