São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994 |
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Ricos e famosos são de uma casta superior
MARCELO PAIVA
Temos todos os defeitos e mais um: o de nos acharmos perfeitos. Somos a escória das castas: uma maioria votou em Hitler, em Collor e aplaudiu Médici e Pinochet. Somos ótimos personagens para o teatro, a literatura e o cinema, mas péssimo exemplo para o Universo. No entanto, no meio do caminho, está a salvação. Antigamente, chamavam-se reis, duques e condes. Hoje em dia, são os ricos e famosos, uma nova aristocracia. Não existe mercado mais em expansão do que a mídia que reporta os ricos e famosos. Começou com um tímido Amaury Júnior, penetrando nas festas que, até então, só poucos privilegiados eram convidados. Amaury tinha visão. Inspirou muitos outros. Um rico, no Brasil, é uma categoria em extinção. A mídia se interessa por eles tanto quanto pelas baleias e micos-leões. São mais ricos que os antigos ricos, mas são em menor número. O interesse que temos ao assistí-los pela TV é: "Como conseguem ganhar dinheiro nesta baita dureza brasileira?" O que eu faria se fosse rico? Levaria um papão federal com Chiquinho Scarpa? Passaria minhas noites num tal Leopolldo que, apesar do nome, é chique? Ingressaria num condomínio fechado de Angra, teria minha casa, meu banheiro e armários fotografados por "Caras"? Encontraria, nas festas, beldades como Luíza Brunet, que casou com um rico, Luma de Oliveira, que casou com um rico e Maitê Proença, que casou com um rico? Ou me casaria com uma dessas? Texto Anterior: EU JÁ APANHEI; EU JÁ BATI Próximo Texto: Aparecida Ferreira, 20 Índice |
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