São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Helmet espanta público família no M2.000

ALEX ANTUNES

ALEX ANTUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desse jeito, dá até para acreditar no Mercosul. "Buenas noches, Argentina!" (no show do Dr. Sin), "Olá, Brasil e Argentina" (no show do Cidadão Quem, "No sean boludos" (no show do Anything Box) foram algumas das frases dirigidas à platéia do M2.000 em Florianópolis.
O show, realizado na noite de domingo em um terreno na praia de Canasvieiras, encerrou a segunda fase do festival. Apresentaram-se, além dessas bandas, Deborah Blando, a americana Robin S, o argentino Fito Paez e os metaleiros-cabeça do novaiorquino Helmet.
A exemplo da apresentação da última sexta-feira (realizada em Capão da Canoa, litoral do Rio Grande do Sul, a cerca de 30km de Porto Alegre), a noite foi mesmo de Fito e do Helmet, bem coadjuvados pelas cantoras Robin e Deborah. A carismática Robin S mostrou que é uma das divas "da vero" (de verdade) da dance-music, segurando a moçada no gogó e no playback, Deborah Blando apareceu com uma banda recém-recrutada em São Paulo.
Foi um show família. Na primeira fila, por exemplo, se espremiam a vovó Linda Mir, 56, com as netinhas Betina, 8, e Germana, 12. Ou o casal argentino Roberto e Anicia Garcia, ambos 36, com três filhos de 7, 10 e 11 anos. Quem sufocava, era gentilmente retirado para as laterais do palco, por cima do alambrado. Nada a ver com as brigas de galera da etapa carioca, por exemplo.
A mistura de gêneros, de novo, funcionou bem. O anacorcopunk Kão, 17, esperava comportado pelo show de Helmet ("Preferia o Rage Against the Machine, mas tudo bem"). A inversa não foi exatamente verdadeira: a maior parte do público debandou sob o rolo compressor do Helmet, um dos quartetos mais devastadores do metal atual, apesar da aparência quase inofensiva dos caras, que abrem mão de caveiras e couro preto por bermudas e camisetas.
Fito, tocando "em casa", fez a apresentação mais longa e mais aplaudida, um pop bem trabalhado, mesclando com habilidade passagens lentas e rocks mais pesados, com um septeto bastante competente. Dodi Sirena, 33, da produtora do evento, a DC-Set, era uma das pessoas mais animadas depois das apresentações, assistidas por cerca de 10 mil (em Capão da Canoa) e 15 mil pessoas (em Florianópolis). Segundo ele, com os devidos ajustes na infra-estrutura (evitando a relativa desorganização da primeira etapa em Santos e no Rio), o evento já cumpriu seus objetivos, e deve se repetir em 95.

Texto Anterior: Axé Bahia! Bethânia é um orixá ao vivo!
Próximo Texto: HR confirma Ben Jor como maior estrela
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.