São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Para economistas, inflação fica estável

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação de fevereiro ficará estável ou até mesmo registrará uma pequena desaceleração frente à taxa de 40,5% de janeiro, segundo economistas ouvidos pela Folha. Gil Pace, diretor da GPC Consultores, estima em 39,5% a alta para o mês que vem.
Segundo ele, "os agentes econômicos" perceberam que seria impossível para o governo, mesmo com o ajuste fiscal aprovado, implantar a Unidade Real de Valor ainda em fevereiro.
"Seria muita confusão para o varejo adotar um indexador diário. Os precos teriam de mudar todo dia." Segundo ele, alguns clientes chegaram a pedir que a GPC já começe a preparar cálculos da variação semanal da URV, para que eles embutam no preço do início da semana as expectativas de aumento em sete dias.
Também deve ajudar a segurar os preços, segundo Pace, o rendimento da caderneta de poupança com aniversário em fevereiro. "Cerca de US$ 2 bilhões foram aplicados na caderneta nos primeiros 15 dias de janeiro."
Além disso, afirmou o economista, o governo deve reajustar em janeiro as tarifas públicas abaixo da inflação.
Mario Bernardini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, acredita em uma estabilidade da inflação nos 40%. "Acho que só vamos começar a conviver com a URV em março", afirmou.
Para Bernardini, a indústria já repassou o aumento de impostos para os preços em janeiro e os preços agrícolas não devem pressionar devido ao início da safra.
Ele diz que espera que, na hora de converter preços em URV, não haja perdas relativas. "Esperamos que a URV começe indexadando insumos básicos", afirmou.
Yoshiaki Nakano, professor da FGV em São Paulo, também prevê estabilidade na inflação. "A alta foi tão forte em novembro e dezembro que os preços devem estar com uma certa folga."
Segundo Nakano, tudo vai depender da forma como for implantada a URV, se ela vier mesmo em fevereiro. "Se os preços industriais, que já vêm embutidos de inflação futura, não forem tablitados, a inflação vai subir."
Maria José Cyhlar Monteiro, economista da FGV no Rio, disse que "os produtos agrícolas têm fatores próprios de incerteza, ainda mais em períodos de definição de safra." O feijão pode vir a pressionar a inflação: "depende da segunda safra", diz.
Um fator de alívio, diz Monteiro, é que "parece que a seca está terminando no Nordeste". Mas a necessidade "quase certa" de importação de milho e arroz pode pressionar a inflação.

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