São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994 |
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Vinheta do "Jornal da Globo" tenta esquentar notícias mornas
EUGENIO BUCCI
Agora, o truque térmico do "Jornal da Globo" –na falta de pacotes mais bombásticos e de governantes que anunciam medidas na calada da noite para surpreender o cidadão– é turístico. Começou na semana passada. Com a vinheta "Noites Quentes", entram repórteres com cenas das animações de veraneio de gente que veio ao mundo a passeio. Cenas noturnas, como sugere a encalorada e calorosa vinheta. O cenário, no início da semana, foram casas noturnas de Fortaleza (Ceará), Torres e Porto Alegre (Rio Grande do Sul). O que se vê, mais que turistas em ebulições dançantes, é a revelação do poder de transformação da câmera de TV. Aponte um holofote para um político e ele enrugará a testa suarenta fazendo ar de honesto e sofredor. Desfile sua objetiva por dentro da escola de samba e a passista vai arreganhar a dentadura e rebolar em brasa, com uma convicção ideológica. A elevada temperatura dos turistas no "Jornal da Globo" é também produto da interferência da TV. É também para turista ver. Por isso, no "Jornal da Globo", até as "Noites Quentes" são frias. Mas uma chama discreta tange a retina do telespectador. E o desperta para a desconfiança de que há um ardor oculto na voz daquela moça que conduz o espetáculo quase gélido. Sandra Annenberg sofre pouco, move seu rosto calculadamente, em sua cálida elegância. Há uma fogueira distante no fundo dos olhos dela. Ela é a única esperança para quem procura devaneios nestas abafadas noites de verão. Texto Anterior: Jackson nas garras da Gangue do Pirulito! Próximo Texto: Prozac acaba com a melhor brincadeira Índice |
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