São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Megadesfile prova que o Rio continua sendo

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

Mega, na verdade, é o desfiles das escolas de samba do Rio. Não há melhor definição para um espetáculo protagonizado por 60 mil artistas, que exige 12 horas de exaltação durante dois dias, é assistido no Sambódromo por 50 mil pessoas e por outras 2,5 milhões via TV. Se em verões passados tudo era demais, massa, maneiro, duca ou híper, agora a moda é mega, mas no caso do Carnaval não é exagero.
Basta saber que o Carnaval congrega a essência de Michael Jackson e Madonna, os megastars que passaram por aqui. Joãosinho Trinta, intelectual dos barracões, prova compasso por compasso que o estilo break de Jackson nada mais é que a fragmentação do samba. Madonna é censurada por sua exacerbada sexualidade, não é? Até nisso o Carnaval é pioneiro, com a inclusão no regulamento do desfile da punição à genitália desnuda.
Quando a Unidos da Ponte –com seus 4.000 "pretos ou quase pretos", como diria o personagem de enredo Caetano Veloso– iniciar o desfile, no dia 13, às 19h, o Carnaval mostrará por que é a festa da catarse popular.
A primeira sensação do desfile deve ocorrer entre 22h e 23h, com a Viradouro, que nos dois anos que está no Grupo Especial fez exibições de luxo, custeada pelo dinheiro de José Carlos Monassa, banqueiro de bicho em ascensão e livre, ao menos por enquanto, de processo na Justiça.
A Viradouro canta Teresa de Benguela, líder de um quilombo no Mato Grosso, e está nas mãos de Joãosinho Trinta, o mais autoral dos carnavalescos. No Carnaval passado, Joãosinho foi a Portugal comandar o "bole-bole" por lá. Volta com disposição para mostrar que Joãosinho Trinta, o atrevido, não morreu. Não se assuste se o carnavalesco provocativo dos anos 80 ressurgir.
A escola seguinte será a Mangueira, que este ano saiu na frente por ter escolhido um enredo (Gal, Bethânia, Gil e Caetano) de empatia imediata com o público. O samba da escola é o mais tocado no Rio e deve embalar a Mangueira na busca de mais um título.
Depois que a Mangueira passar, o suspense dominará a passarela. Será a vez da Vila Isabel, Mocidade e Imperatriz, pela ordem, desfilarem. São escolas grandes e ricas, que somam quatro campeonatos nos últimos dez anos. O passado impressiona, mas na avenida não basta simplesmente o peso da tradição.
Na segunda-feira, 14, as atrações maiores se apresentam a partir das 23h: Beija-Flor, Salgueiro, Estácio e Portela. A Beija-Flor estará nas mãos de um estreante na avenida, o carnavalesco Milton Cunha. O Salgueiro tenta o bicampeonato, cantando o Rio. A Estácio terminou a produção do desfile em crise com seu patrono, o bicheiro José Petrus, o "Zinho", e, em consequência, teve dificuldades financeiras. A Portela é uma das escolas mais carismáticas do Rio, mas seu último título foi há 13 anos.

PREVINA-SE - A Delegacia Especial para o Atendimento ao Turista recomenda que, à noite, as pessoas não andem sozinhas por becos, passagens subterrâneas ou vielas, não levem grande quantidade de dinheiro ou jóias, não exibam câmaras de vídeo ou máquinas fotográficas. Na praia, os turistas devem levar só o indispensável e, quando tomar táxi, ver se têm a identificação no lado direito do motorista. A Delegacia funciona na avenida Afrânio de Melo Franco, s/n.º, em frente ao Teatro Casa Grande, Leblon, tel. (021) 511-5112.

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