São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Sucessão tumultua a votação no Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, à Presidência da República foi a principal causa da derrota do governo na votação da MP 407 ontem. A sucessão presidencial ocupou discursos em plenário durante a votação e conversas de bastidores entre todos os partidos e até no governo, recheadas de intrigas e denúncias de traição.
O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), disse a FHC que o presidente do Congresso, Humberto Lucena (PMDB-PB), "trabalhou contra o governo". Santos já havia reclamado de Lucena quando, na terça-feira, caiu o quórum no Senado para a votação da MP 400.
"Ele está querendo indicar o Armando Klabin para ministro das Minas e Energia", protestou no plenário. Ontem, disse que a MP 407 teria sido aprovada se Lucena não tivesse apagado o painel de votação com o quórum de 226 deputados pela manhã.
Para o líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), foi a atuação dos presidenciáveis Paulo Maluf, do PPR, e Antônio Carlos Magalhães, do PFL, cujos partidos obstruíram a votação, a causa da derrota. "Todos querem que o plano econômico dê errado porque assim o Fernando Henrique seria um candidato fraco à Presidência".
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, atribuiu "parte da culpa" à disputa sucessória e "outra parte à desarticulação política" do próprio governo. De fato, faltou voto governista no plenário.
No PMDB, faltaram 26 deputados, incluindo na votação da manhã o presidente do partido, Luiz Henrique (SC). No PSDB houve, segundo Jereissati, dez "faltas graves". Foram notadas presenças ilustres, como a do deputado considerado na Câmara o maior amigo de Itamar, Raul Belém (PTB-MG), e do presidenciável Antônio Britto (PMDB-RS). Outro presidenciável, José Sarney (PMDB-AP), deixou seu grupo atuar na obstrução.

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