São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Revolta

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois eles reclamam quando alguém fala em fechar este Congresso. A rejeição do aumento de impostos para "os ruralistas, os banqueiros e os empresários", quer dizer, os parlamentares, acompanhada da aprovação do aumento de impostos para todo o resto, é um escândalo. Um escândalo que só uma rede de televisão foi capaz de expor com revolta, a Bandeirantes.
No SBT, pelo contrário, disseram que tudo bem, porque o aumento para ricos sempre é repassado aos preços. Não é a visão do Jornal Bandeirantes, que deu como manchete que o pacote "isenta empresários", depois disse que "o Congresso livrou a cara dos empresários", depois disse que "os parlamentares só aprovaram aumentos para os eleitores".
A revolta foi tamanha que um dos analistas chegou a dizer que a CPI não serviu para nada, porque "o Congresso continua a mesma casa que só serve para articular interesses". Por outro lado, no TJ Brasil e no Jornal Nacional, o máximo que apareceu foi o registro de que o governo poderá agora "vetar o aumento de imposto dos trabalhadores". E ainda acharam ruim.
"End up in pizza"
Enquanto Alexandre Garcia –tornado comentarista político para sustentar o apoio ao relatório final– dizia e repetia que a CPI "não terminou em pizza" para o público brasileiro, Paulo Henrique Amorim dizia a verdade para o público americano, na CNN. No programa World Report, com o qual a Globo tem acordo de exclusividade, ele foi sincero.
Mais até, explicou o que é "end up in pizza". Disse ele, em inglês: "Eu espero que não termine em pizza, como nós dizemos no Brasil. Nós dizemos que as coisas terminam em pizza quando dois adversários colocam de lado as suas diferenças e vão até uma pizzaria para uma pizza e algumas cervejas, esquecendo a coisa toda. Fazem um acordo e a Justiça não prevalece."
Prorrogação
A CPI foi fechada às pressas para começar logo a revisão. Agora já estão querendo que a revisão ganhe um mês a mais. "Eu estou defendendo a prorrogação dos trabalhos da revisão de 15 de março para 15 de abril", declarou Inocêncio de Oliveira, um dos que "mais lutaram" pela revisão, na Record. Ninguém viu Inocêncio defender o mesmo, para a CPI.

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