São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 1994
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Ações e debêntures dão rentabilidade de 82%

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

A carteira de investimentos de Carlos dos Santos, diretor-executivo do Banco Multiplic, alcançou uma rentabilidade de 82,18% no período entre 23 de dezembro até 24 de janeiro, contra uma variação da Ufir de 39,43%.
O capital quase dobrou com as aplicações nas Bolsas. As ações foram ótimas opções neste início de ano. A euforia invadiu os pregões com a entrada de dinheiro estrangeiro. "Quem comprou ações como Eletrobrás PNB e Telebrás PN está rindo à toa", afirma Santos.
As debêntures (títulos de renda fixa) da Siderbrás também demonstraram discreto charme com a rentabilidade líquida de 51,92% no período. Esses papéis resultaram da dívida da Siderbrás assumida pelo Tesouro Nacional com a extinção da estatal.
Os papéis com vencimento no ano 2001 eram considerados como "moeda podre" e negociados a 38% do seu valor de face (valor que consta no título). "Hoje, esses papéis exóticos são denominados de moedas de privatização e estão propiciando rentabilidade atraente", diz Santos.
O investimento nas debêntures demonstrou que ter fé pode ser um alto negócio. No período analisado, as debêntures da Siderbrás passaram a serem cotadas de 59% do valor nominal para 66%.
Duas dezenas de instituições ficaram de antenas ligadas e passaram a negociar os papéis todos os dias no mercado financeiro. O Tesouro está cumprindo religiosamente os compromissos e as debêntures da Siderbrás estão se valorizando.
O Tesouro Nacional paga pelas debêntures da Siderbrás juros de 6% ao ano mais correção monetária (IGP-DI). Elas estão rendendo entre 17% e 18% ao ano mais correção, por causa da compra com deságio (ou seja, abaixo do valor nominal).
Santos observa que essas debêntures vencem no ano 2001, mas são previstos pagamentos (amortizações) do principal. A primeira amortização ocorre no próximo dia 16 de maio, quando será pago 1,5% do principal. Em novembro de 1994, será pago mais 1,5%. Os pagamentos serão crescentes nos anos posteriores, além dos juros a cada semestre.
Para o diretor-executivo do Banco Multiplic, "investidores estrangeiros devem ir descobrindo os papéis comparando-os aos bônus do Tesouro norte-americano por serem de longo prazo e terem a garantia do governo brasileiro".
O mês de janeiro foi brilhante para as Bolsas. O valor do índice Bovespa bateu recorde histórico em dólar. Santos afirma que o fator fundamental para explicar a disparada nas Bolsas em janeiro foi a entrada de capital estrangeiro nos pregões.
Santos diz que a explosão nos preços da Telebrás tende a ser contida: as cotações do papel aproximam-se do valor patrimonial e há previsão de altos juros nos próximos 30 dias.

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