São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desinteresse atinge 25% dos eleitores

Eleitor de Quércia é o mais indiferente

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O desinteresse pelas eleições, mais do que evidente nas ruas, se confirma em uma pesquisa realizada pelo Datafolha, há uma semana, entre 16.389 eleitores em todo o país.
Pelo menos 25% dos eleitores que vão escolher o novo presidente da República amanhã afirmam não ter interesse algum pela eleição.
Em números exatos, de acordo com o TSE, isso significa que 23.692.101 eleitores não estão nada preocupados com a escolha do presidente.
O desinteresse hoje, ao menos, é inferior ao registrado pelo Datafolha em uma pesquisa realizada em julho, antes do início da propaganda eleitoral na televisão (veja ao lado).
A falta de interesse é maior entre os eleitores de Quércia (28%) e menor entre os que votam em Lula e Amin (20%)
Entre os eleitores que estão indecisos, 34% declaram não ter interesse algum pela eleição.
Em uma segunda pesquisa, realizada junto a 16.403 eleitores, entre os dias 20 e 22 de setembro, o Datafolha mediu o grau de participação política.
O resultado também não é dos mais animadores: 32% dos eleitores nunca conversam sobre política e 66% jamais frequentam reuniões de bairro.
O cientista político José Alvaro Moisés, que em 93 coordenou pesquisa parecida, não vê os dados de forma negativa.
"Nesta eleição está sendo rompido o padrão de voto plebiscitário ou de protesto. Quando você tem dois candidatos polarizados, o interesse é sempre maior", diz ele.
"Você também está tendo uma `rotinização' das eleições. O que causa um interesse um pouco menor, mas é típico de uma democracia consolidada", acrescenta Moisés, que é professor do departamento de ciência política da USP.
A baixa expectativa em relação a mudanças causadas pela eleição (39% acham que nada mudará) é fruto, diz, de um "paradoxo brasileiro": "A adesão à idéia de democracia está crescendo, mas a rejeição aos políticos também".

A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emília de Franco e a estatística Renata Nunes Cesar.

Texto Anterior: Preconceito persegue o petista
Próximo Texto: Teste ajuda eleitor indeciso a votar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.