São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Futuros governadores já aderem a FHC

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Plano Real terá ou não o mesmo destino do Plano Cruzado, é cedo para se saber. Mas, no plano eleitoral, o desfecho será virtualmente idêntico.
Em 1986, na esteira do Cruzado, o partido então no governo, o PMDB, elegeu 22 dos 23 governadores (a exceção foi Sergipe, que ficou com o PFL, também governista).
Hoje, partidos de oposição elegerão necessariamente mais governadores do que em 1986, mas é altamente improvável que algum deles fique na oposição a um governo Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo Vitor Buaiz, com fortes chances de se tornar o primeiro petista a governar um Estado (Espírito Santo), já está na mira do PSDB para uma cooptação.
Os tucanos dispõem-se até a ajudar na eleição de Buaiz, expoente da ala moderada do PT.
O que mudaria o quadro, no caso do PT, seria a realização de um segundo turno no Rio Grande do Sul e em Brasília, hipótese não de todo afastada. Olívio Dutra (RS) e Cristovam Buarque (DF) enfrentariam "fernandistas", o que turvaria o futuro relacionamento.
No caso do PDT, dois dos candidatos com chances e algum ou muito peso eleitoral já estão apoiando FHC antes mesmo da eleição: Jaime Lerner (PR) e Dante de Oliveira (MT).
Dante nem sequer excluiu a hipótese de migrar para o PSDB, na hipótese de se compor mesmo um superpartido social-democrata, como pretendem lideranças tucanas. Mas diz que sua prioridade inicial é reformular o PDT.
Só restam duas incógnitas para que se possa afirmar com total segurança que todos os governadores se alinharão com o governo central, se FHC ganhar.
Uma é Miguel Arraes (PSB), favorito disparado em Pernambuco. Arraes é uma esfinge, mas, enquanto esteve no PMDB, sempre transitou na ala de centro-esquerda de que FHC fazia parte.
A outra é Anthony Garotinho (PDT), com chances de ir ao segundo turno no Rio de Janeiro. Garotinho não tem um rosto ideologicamente nítido. Foi fundador do PT em Campos, interior do Estado, depois bandeou-se para o PDT, mas nunca se vinculou estreitamente a Leonel Brizola.
Se for ao segundo turno, em todo caso, vai enfrentar Marcello Alencar, que é do PSDB, o que tende a azedar as relações com os tucanos de modo geral.
No caso do PMDB, FHC não tem com que se preocupar. Praticamente todos os candidatos com chances de vencer já aderiram, antes mesmo da votação.
São Antônio Britto (RS), Wilson Martins (MS), Garibaldi Filho (RN), Antônio Mariz (PB) e Divaldo Suruagy (AL).
O único que não o fez ainda, Paulo Afonso (SC), admite que não teria dificuldade alguma em fazê-lo.
O PP, que tem grandes chances de fazer o governador do segundo maior colégio eleitoral do país (MG), só não faz parte formalmente da coligação que apóia FHC porque se decidiu fora do prazo legal.
Mas Hélio Costa, seu candidato em Minas, tem feito o possível para levar FHC a seu palanque.

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