São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Prefeitura quer vender estádio por R$ 129 mi

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Por um valor que deve ficar próximo de US$ 150 milhões (R$ 129 milhões), a Prefeitura de São Paulo quer colocar à venda um dos maiores palcos do futebol na cidade: o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.
O anúncio da privatização, feito pelo prefeito Paulo Maluf no dia 1º de setembro, criou uma das polêmicas mais apaixonadas dos últimos anos entre os fãs do esporte.
Aos 54 anos –foi inaugurado em 27 de abril de 1940–, o Pacaembu já foi palco das principais decisões paulistas até os anos 70, quando surgiu o Morumbi.
Com o tempo, pela localização central, facilidade de acesso, beleza arquitetônica e proximidade entre torcida e jogadores, o Pacaembu ganhou o status de estádio mais querido do paulistano.
Hoje, precisa de reformas, como a melhoria dos sanitários, instalação de mais pára-raios (uma exigência do Contru) e recuperação do reboco.
Segundo o secretário municipal de Planejamento, Roberto Paulo Richter, 62, a prefeitura decidiu pela privatização em função dos prejuízos com o Pacaembu. "Em 94, estimamos uma perda de US$ 1,5 milhão (R$ 1,2 milhão)."
Para o secretário, a prefeitura não pode mais manter o estádio. "O Pacaembu precisa de reforma. Quem comprar moderniza."
Richter afirmou que, se for vendido, o Pacaembu não poderá ter seu uso ou arquitetura alterados, pois está tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado).
Ele acha que, com a venda, poderão ser feitas reformas que vão melhorar a segurança e o conforto.
"Nas gerais seriam colocadas cadeiras. Dá também para construir mais dois lances de arquibancadas, o que elevaria a capacidade para 60 mil pessoas."
O secretário afirmou que o Pacaembu poderia receber uma cobertura, o que o tornaria o primeiro grande estádio coberto do país.
"Poderia receber atividades culturais ou servir como um grande ginásio para sediar jogos de vôlei, basquete e tênis", afirmou.
Richter disse que em 30 dias a prefeitura deve enviar à Câmara o projeto de lei da privatização.
Técnicos da secretaria ainda estão fazendo estudos. Segundo Richter, a prefeitura vai contratar um avaliador para calcular um valor final para venda.
Segundo ele, a prefeitura quer receber o dinheiro em curto prazo para investir na criação de um fundo municipal de saúde.
Ainda não foram definidas as regras de privatização. Segundo Richter, pode ser feita uma concorrência ou um leilão.
A proposta da prefeitura prevê exclusivamente a venda da área do estádio (45 mil m2). Os outros 30 mil m22, correspondentes ao complexo esportivo com ginásio, piscina e quadras, continuariam sob a administração municipal.

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