São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Novos conceitos vão reger os negócios

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos próximos anos, as atividades empresariais deverão ser completamente diferentes do que são hoje. Qualidade, produtos, competitividade e comportamento do consumidor serão regidos por outros conceitos.
O retrato de como será o novo mundo dos negócios foi montado por Victor Eduardo Báez, sócio da auditoria e consultoria Coopers & Lybrand.
Ele esteve na Folha para falar sobre "Tendências de Negócios para os Próximos Anos" na última segunda-feira. Sua palestra integrou a série "A Busca da Qualidade Total". Cerca de cem pessoas estavam na platéia.
Participam desta série, que acontece sempre às segundas-feiras no auditório do jornal, economistas, consultores e executivos de vários segmentos da economia.
Segundo Báez, até na década de 60 a base de competição das empresas eram os produtos, impostos por elas ao mercado.
"O jeans foi imposto como moda, assim como o leite em pó. No final da década de 70, início da de 80, as coisas mudaram. Os produtos tinham que ter qualidade. Qualidade que respondesse às necessidades do consumidor. Na década de 90, qualidade não é mais um mero objetivo, é meta."
Sobre a margem de lucro, ela deixará de ser gerenciada e gerenciável. Porque os preços estão diminuindo cada vez mais, argumentou, a capacidade de gerenciar a margem será cada vez menor. E nem sempre os custos são gerenciáveis.
"Vamos viver em uma época na qual quem tiver consciência de preços e custos vai aprender mais rápido a sobreviver."
Sobre o ciclo de vida dos produtos, o consultor afirmou que estará cada vez menor. "Nos anos 20 um rádio era feito para durar até três gerações. Agora, um computador 286 comprado há poucos anos serve para nada perto de um 486."
No futuro, o consumidor vai querer que seu produto permaneça bom no tempo que durar, mesmo que seja curto, disse. Ele não vai querer saber de ter que levá-lo para a assistência técnica, acrescentou.
Economicamente, disse, os governos irão "oprimir" menos do que acontece hoje.
Até mesmo a tecnologia vai avançar de maneira "explosiva". Báez afirmou que o conhecimento humano duplicou de 1950 a 1980. De 80 a 90, duplicou novamente. Prevê-se ainda que irá duplicar novamente.
Se esse ritmo continuar, disse, no ano 2.002 o conhecimento humano será 16 vezes maior que em 1990. "Não dá para imaginar isso, como isso se refletirá nos avanços da tecnologia."
As relações de poder não fugirão à regra. Hoje quem controla a produção de uma fábrica é a direção desta. No futuro, o consumidor é quem mandará na fábrica, alertou.
O consultor também fez um panorama sobre as tendências futuras das empresas brasileiras.
Para melhorar a produtividade, elas irão eliminar cada vez mais as atividades não essenciais, simplificarão procedimentos e serão mais flexíveis. Se concentrarão mais em seus negócios propriamente ditos.
O respeito ao meio ambiente será uma necessidade e as empresas vão buscar trabalhar em maior parceria com fornecedores, clientes e até sindicatos.

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