São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Alterar os processos não significa demitir

RICARDO GANDOUR
EDITOR DE SUPLEMENTOS

Para o consultor norte-americano John Thompson, mudar o modo de trabalhar não quer dizer, necessariamente, demitir.
"A reengenharia elimina tarefas supérfluas, mas libera energia para trabalhos mais importantes. Vi empresas que fizeram reengenharia sem mexer no pessoal."
Thompson, 55, principal executivo do grupo CSC Index na Europa –considerado pioneiro mundial em reengenharia–, estará pela primeira vez no Brasil no próximo dia 7, no seminário "The Reengineering Revolution", em São Paulo, promovido pela HSM Cultura & Desenvolvimento, com apoio da Folha (veja agenda nesta página). De seu escritório, ele falou ao jornal por telefone:

Folha - A reengenharia leva necessariamente a demissões?
John Thompson - A reengenharia elimina tarefas que não geram valor ao cliente. Se esse trabalho desaparece, alguns empregos podem desaparecer.
Mas é errado enxergar a reengenharia sob o ponto de vista da demissão. Essa visão gera desemprego –e os que ficam têm que trabalhar mais, pois nada mudou.
A reengenharia faz o trabalho fluir melhor. Algumas tarefas desaparecem, mas também se criam outras, novas oportunidades de se oferecer valor ao cliente.
Vi empresas que fizeram reengenharia e mantiveram o pessoal.
Folha - Que tipo de tarefa não agrega valor?
Thompson - Por exemplo, a reconciliação, na área de contabilidade. Uma pessoa olha para um número, verifica se é igual a um outro e decide algo. Na seção de contas a pagar, as pessoas que decidem o que será pago aos fornecedores. Elas comparam papéis, verificam tudo e emitem cheques.
Veja os processos de reclamações de clientes. Frequentemente custa menos satisfazer o cliente de imediato do que gastar tempo decidindo se ele está certo ou errado.
Folha - Só tecnologia já não seria suficiente para eliminar certas tarefas?
Thompson - Se olharmos apenas para a tecnologia, iremos automatizar processos. A simples automação congela e fossiliza os processos. E torna ainda mais difícil repensá-los. Mas a tecnologia tornou possível redesenhá-los.
Folha - Sem ela, a reengenharia talvez não ocorresse...
Thompson -Exato. 60% das principais empresas da América do Norte e Europa estão fazendo reengenharia séria. Muitos acreditam que a razão é porque agora temos a tecnologia que torna isso possível. Começamos a usá-la seriamente há cerca de 25 ou 30 anos. Levou uma geração para entender realmente o que fazer.

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