São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Ruth ignorava duas cédulas e uma urna

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A antropóloga Ruth Cardoso, mulher de FHC, se espantou ontem ao saber que havia uma única urna para as duas cédulas.
``Põe aqui mesmo?", perguntou ao mesário de sua seção de votação quando pegou a segunda cédula (amarela). Ao ser informada que sim, exclamou: ``Que confusão!".
Logo após votar, Ruth afirmou que ainda não se considerava primeira-dama. Disse que a função da mulher do presidente da República passa por transformações no mundo todo. ``Não existe mais o velho modelo da primeira-dama".
Afirmou que admira a primeira-dama norte-americana, Hillary Clinton, mas acrescentou que não há modelos a ser seguidos.
``Por que não se pergunta qual é o modelo de um novo presidente. Ele (FHC) não vai seguir modelo de ninguém. Também não vou".
Esse novo perfil aparentemente é uma incógnita para a própria Ruth. Ela diz ainda não saber ``o que significa" ser primeira-dama e não conhecer ``os deveres e obrigações" inerentes ao cargo.
Ruth indica apenas algumas diretrizes que pretende adotar: ter maior participação que suas antecessoras, não ocupar qualquer cargo público e tentar ser discreta.
A julgar pelas declarações de Ruth, a LBA (Legião Brasileira de Assistência) deverá sofrer mudanças. ``Não tenho idéia nem se ela (LBA) vai existir, se não vai, como vai continuar".
Ruth elogiou a aliança do PSDB-PFL e disse que foi mal-interpretada quando disse que o PFL tem Antônio Carlos Magalhães, mas também tem Gustavo Krause. ``Não dei essa declaração".
Morando em São Paulo mesmo após FHC assumir uma cadeira no Senado em 83, Ruth diz que é ``lógico" que se mudará para Brasília caso seu marido vença as eleições.
Aos 64 anos, com três filhos e quatro netos, diz que pretende continuar sua atividade acadêmica.
Quase sempre arredia ao assédio da imprensa, Ruth falou longamente com os jornalistas após votar na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), no Pacaembu.
Durante a votação, chegou a brincar com os fotógrafos que que pediam para dar um ``beijinho" na cédula: ``Eu dou um beijinho no candidato", afirmou.
Ao chegar, não estava tão receptiva. Perguntada pela Folha sobre como se sentia na iminência de se tornar primeira-dama, falou: ``Escuta, desliga isso", apontando para o gravador da repórter. Ao ser atendida, indagou: ``Não tinha uma pergunta melhor para fazer?".

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