São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Higienópolis veste de tucanos seus "lulus"

Vizinhos de FHC confiam na vitória

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde novembro de 1985, não se via tanta agitação na última quadra da rua Maranhão (bairro de Higienópolis, zona oeste de São Paulo). Até os cachorrinhos do bairro, de classe média alta, traziam no pescoço fitinhas com o nome do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Cerca de cem pessoas, segundo a PM, se aglomeraram durante toda a manhã de ontem em frente ao prédio de FHC.
Parecia até uma performance das tietes do vôlei graças ao clima de quase histeria dos cabos eleitorais.
Em lugar dos rabos-de-cavalo e pintura a guache no rosto, viam-se tiaras e cabelos moldados a laquê. Em vez dos gritos ``Giovanni, Giivanni", ouvia-se ``Fernando, Fernando".
Há quase nove anos, o movimento era o mesmo. Foi quando FHC perdeu a eleição para prefeito de São Paulo para Jânio Quadros.
``Desta vez, ele vai ganhar com certeza. Já votei nele para prefeito e repeti a dose este ano", disse Cláudia Nielsen, 29, antiga moradora do prédio.
A eleitora aproveitou para votar no colégio Rio Branco –a uma quadra de seu prédio– quando FHC saiu. ``Se ele voltar, não dá para sair".
O local, em geral tranquilo, estava tomado por carros, bandeiras e cachorrinhos –a reportagem contou oito ``lulus" das 9h30 às 11h30– com o nome do tucano em fitinhas.
Outro que deu uma fugidinha para votar foi o zelador José Fidelis, 34. Fidelis se dividiu entre as funções habituais e a de distribuir bandeiras.
Deu informações aos eleitores, ajudou na organização da saída do candidato e ainda se incumbiu de apontar para fotógrafos e cinegrafistas as janelas do apartamento de FHC.
Por volta das 10h30, um carro Ipanema branco provocou vaias na pequena multidão. O proprietário do carro, Nido Campolargo, atravessou o ``corredor polonês" de bandeiras amarelas e azuis, do PSDB, com uma vermelha, do PT.
A resposta dos tucanos veio na sequência: um grupo de adolescentes apareceu com uma faixa que dizia ``Lula 98 – 94 já era". O mesmo grupo perguntava, aos berros: ``É aqui a casa do Ayrton Senna?"
A multidão só se dispersou quando FHC deixou sua casa para votar, às 11h30.

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