São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994 |
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Partido agora prioriza as eleições estaduais CARLOS EDUARDO ALVES CARLOS EDUARDO ALVES ; EUMANO SILVA
Olívio Dutra no Rio Grande do Sul, Vitor Buaiz no Espírito Santo e Cristovam Buarque no Distrito Federal são os únicos candidatos petistas que podem seguir com chances nas eleições estaduais. A falta de experiência administrativa do PT (o partido nunca governou um Estado) é apontada pelos próprios petistas como uma deficiência que vem sendo explorada com sucesso pelos adversários para barrar Lula. A possibilidade de ganhar governos estaduais servirá para o PT –caso se confirme a vitória de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)– de derrubar um dos mitos que amarram a legenda. Dutra Olívio Dutra forma com Lula a dupla que é uma unanimidade no partido. Se chegar ao governo gaúcho, vira imediatamente o referencial político maior do PT. Único prefeito na história de Porto Alegre que conseguiu eleger seu sucessor, Dutra já presidiu o PT e é sempre apontado como a segunda maior personalidade do partido. Médico eleito deputado federal antes de se tornar prefeito de Vitória, Vitor Buaiz é o único petista que pode liquidar uma eleição estadual no primeiro turno. É de longe um dos mais moderados no espectro petista. Defensor de alianças amplas, Buaiz participa pouco da luta interna petista. Se ganhar a eleição será quase que obrigado pelos setores mais cordatos do petismo a intervir com força na luta pelo poder interno que vai ocorrer se Lula perder a eleição. Ex-brizolista Cristovam é, entre os três, o único que não foi um dos fundadores do PT. Ex-brizolista, demorou a conquistar espaço no partido, que em Brasília é dominado pelos traços do corporativismo e da radicalização. Lula foi o patrocinador da candidatura do ex-reitor da Universidade de Brasília. Integrante do ``governo paralelo" de Lula, Cristovam passa longe do processo decisório do PT, mas na atual campanha incorpora com sucesso a tradicional força do partido no Distrito Federal. Na última sexta-feira, Lula afirmou que, mesmo no caso de uma eventual derrota, fará a campanha dos petistas que passarem para o segundo turno nos Estados. O candidato à Presidência enxerga nas possíveis vitórias estaduais a possibilidade de o PT provar competência administrativa em um escalão até hoje nunca frequentado por ele. A prova da importância que PT e Lula dão ao êxito nas três disputas é que, na última semana de campanha, o candidato visitou precisamente o Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal. O futuro político do PT, acha a maioria dos grupos do partido, dependerá em grande parte da disputa entre o ``com voto" e os ``sem-voto" do petismo. Os petistas apostam que votações consagradoras de candidatos majoritários e proporcionais vão acirrar o debate interno entre as correntes do partido. O prêmio da consolação estadual certamente não é a solução maior com que os petistas sonharam desde 1989, mas é visível em Lula a satisfação com o desempenho do trio que foi uma exceção no raquítico time que o PT escalou para as eleições para governador deste ano. Texto Anterior: 'Solidariedade' evitará crise no partido, afirma Falcão Próximo Texto: PSDB busca novo líder para PT Índice |
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