São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pergunta sobre candidato do Prona irrita Maluf

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), ficou irritado ontem ao ser questionado se temia que a candidatura de Enéas Carneiro (Prona), para as eleições presidenciais de 1998, correria na mesma faixa de eleitorado que a sua. Maluf recebeu como uma ofensa a comparação.
O prefeito chegou ao seu local de votação, o colégio Sagrado Coração de Maria (zona sul), às 7h. Cumprimentou eleitores e disse que não faria boca de urna. Estava acompanhado pelo candidato a deputado federal Getúlio Hanashiro, a quem chamou de ``meu irmão".
Maluf não respondeu se vai se candidatar à Presidência da República em 1998. Aos eleitores que passavam e gritavam ``Maluf 98", o prefeito devolvia: ``Vamos ver, se Deus quiser".
Apesar de Maluf ter sido o 13º da fila, foi o primeiro a votar. Depois passou o dia com os netos.

Folha - Quantos governadores o PPR deve fazer?
Maluf - Acre, Amazonas, Pará, Tocantins e Santa Catarina. Para quem tinha zero e está com cinco, é muito bom.
Folha - Seus candidatos a deputado lançaram o senhor para presidente em 98. Como o senhor vê isso?
Maluf - Isso não existe. Eu sou candidato a ser um bom prefeito.
Folha - E quando terminar o mandato?
Maluf - Como quer que eu preveja o que vai acontecer daqui a quatro anos?
Folha - Se for confirmada a intenção de voto no candidato Enéas Carneiro, ele deve surpreender. O senhor acha que Enéas pode lhe atrapalhar e concorrer na mesma faixa de eleitorado que a sua em 98?
Maluf - Não comento.
Folha - O senhor defende a fidelidade partidária, que o eleitor tenha que votar sempre em candidatos do mesmo partido?
Maluf - Defendo. Enquanto nós não aprendermos a ter partidos, vamos ter líderes carismáticos pessoais.
Folha - Enéas se enquadra neste perfil?
Maluf- Você sonhou com um misto de Lula e Amin. Não entendo porque fala tanto do Éneas. Como é o seu nome, para qual jornal você trabalha?
Folha - Victor Agostinho, Folha de S. Paulo.
Maluf - Que fique registrado que o Victor, da Folha, sonhou com um misto de Amin e Lula.
Folha - Porque o senhor ficou tão irritado com a pergunta sobre Enéas, prefeito?
Maluf - Eu tenho uma tradição de ter sido presidente da Caixa Econômica Federal, prefeito de São Paulo, secretário de Estado dos Transportes, construí mais de 20 mil km de estradas, fui presidente da Associação Comercial, fui governador do Estado, fui deputado federal reconhecido com 700 mil votos, sou prefeito de novo. Você não fez uma pergunta séria.
Folha - O senhor quer dizer, então, que uma comparação com Enéas é uma piada?
Maluf - Você foi infeliz.
Folha - O que significou, na prática, o senhor liberar seu secretariado para votar em Barros Munhoz, do PMDB?
Maluf - Eu não liberei ninguém.
Folha - Qual a expectativa que o senhor tem com relação ao seu candidato, Luiz Antônio de Medeiros?
Maluf - As urnas é que vão responder.
Folha - Nas duas horas de campanha que o senhor fez por dia, acredita que conseguiu transferir sua popularidade para seus candidatos?
Maluf - Não. Obviamente, não. Tive 7 milhões de votos no Estado para governador. Tive na capital mais de 3 milhões de votos para prefeito. Considera-se que o grau de transferência estupendo, excepcional, é quando consegue-se transferir 25% dos votos.
Folha - Então, na eleição passada, a tranferência de votos de Brizola para Lula no segundo turno foi um fenômeno?
Maluf - Não. É que era o mesmo perfil de eleitorado.

Texto Anterior: Enéas conquista votos da ultradireita
Próximo Texto: Malufismo aposta no prefeito para chegar a 98
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.