São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994 |
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PT recolhe espólio no RS
RODOLFO LUCENA
O fracasso brizolista é agravado pelos resultados para o governo do Estado. O candidato Sereno Chaise, trabalhista histórico, está reduzido a 5% dos votos, conforme pesquisa Datafolha. O PT aparece como o grande beneficiário do espólio brizolista. No Rio Grande, Lula tem perspectivas de vencer Fernando Henrique, a se confirmar a tendência apontada pelas pesquisas. O PDT corre grandes riscos. ``Se houver 2º turno (sem Brizola), qualquer posição que o partido tomar vai provocar um racha", diz Carlos Bastos, coordenador da campanha no rádio e TV. ``Vai ser doloroso admitir a derrota de Brizola no Rio Grande", diz o candidato ao Senado Elói Guimarães, 51, fundador do PDT no Estado. Para ele, o partido terá que passar por um grande processo de debate interno. ``O pau vai comer. Ou nos encaminhamos para uma discussão profunda, sem hipocrisia, ou nós vamos nos decompor", diz ele. Brizola perde apoio em outros partidos. O campeão de votos Sérgio Zambiasi, deputado estadual do PTB eleito com 320.323 votos, que pediu votos para Brizola em 89, agora está com FHC. ``As eleições vão passando e ele vai perdendo o vínculo com o Estado. Outro desgaste brutal foi a teimosia de apoiar Collor até o impeachment. Pela primeira vez, Brizola foi contra a vontade popular", disse. A derrota do brizolismo tem raízes profundas, na opinião do senador José Fogaça (PMDB). ``Ele ainda tem conceitos dos anos 50 sobre questões políticas e econômicas." Para ele, os 14% que Brizola deverá ter são ``a rapa do tacho do brizolismo no Rio Grande". A questão, agora, é quem fica com o espólio do brizolismo. Quem primeiro apresenta armas é o PT: o candidato a vice na chapa de Olívio Dutra, Éden Pedroso, é um ex-pedetista. O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, trabalha nessa atração. ``Muitas lideranças intermediárias do PDT estão se aproximando, por causa do trabalho político da prefeitura", diz ele. Collares O governador Alceu Collares, do PDT, diz não saber a que atribuir a queda do desempenho do Brizola. ``Há alguns fatores, eu não saberia explicar. Eu acho é que a campanha das elites. Elas prepararam estrategicamente um plano para combater a inflação que servisse também de alavanca para a candidatura FHC." Sobre 98, prefere não fazer previsões. Mas diz: ``O Brizola sempre diz que esta é a última eleição dele, mas se ele estiver vivo, ele vai". Texto Anterior: Herança trabalhista perde força no PDT Próximo Texto: Fila acaba cedo em cidade 'alfabetizada' Índice |
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