São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Envelhecimento populacional ameaça crescimento

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O envelhecimento da população mundial pressiona os sistemas de previdência social, colocando em risco a segurança financeira dos idosos e obstáculos ao crescimento econômico.
Esta é a principal conclusão de um novo relatório do Banco Mundial, chamado "Averting the Old Age Crisis - Policies to Protect the Old and Promote Growth" (Evitando a Crise da Velhice - Políticas para Proteger os Idosos e Promover Crescimento.)
O relatório foi divulgado na assembléia anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, em Madri.
O relatório diz que as famílias grandes que cuidavam de seus idosos estão se dizimando, como consequência da urbanização e maior mobilidade.
Segundo o documento, ao mesmo tempo, os sistemas de pensões estatais não conseguem atender o crescente número de aposentados.
A crise da velhice é o resultado da ação conjunta de dois fenômenos demográficos: o aumento da expectativa de vida e declínio da fecundidade.
Eles indicam que novas regiões do planeta alcançam a transição demográfica: população mais velha e menos nascimentos por ano.
O Banco Mundial adverte, porém, que os sistemas de atendimento aos idosos, principalmente nos países em desenvolvimento, não estão preparados para fazer frente a mudanças muito rápidas.
Segundo o relatório, em 1990 quase 500 milhões de pessoas, cerca de 9% da população mundial, tinham mais de 60 anos de idade. Por volta do ano 2030, esse número vai triplicar –1,4 bilhão.
O trabalho diz que a população dos países em desenvolvimento envelhece duas vezes mais rápido do que nos países desenvolvidos.
O Banco Mundial calcula que, da nova geração de trabalhadores que atinge idade de aposentadoria, quatro em cada cinco pessoas de mais de 60 anos de idade vão viver nos países hoje considerados em desenvolvimento.
O relatório diz que os sistemas estatais de aposentadoria são de pagar as pensões prometidas e criam pesado ônus tributário para população e empresas.
O relatório do Banco Mundial faz sugestões: o problema pode ser evitado se os países diversificarem os sistemas estatais de assistência aos idosos através da maior participação da poupança individual e do setor financeiro privado na administração de fundos de pensão.
O relatório recomenda que os governos isentem ricos e classe média de contribuir com impostos sobre salários para o sistema de previdência e os obriguem a fazer poupança para sua própria aposentadoria.
Os fundos de pensão obrigatórios assim formados devem ser administrados pela iniciativa privada, com regulamentação governamental.
O relatório diz que os recursos arrecadados pelo governo para aposentadoria devem se concentrar no objetivo de dar uma renda mínima para os idosos.
O Banco Mundial acredita que essa reforma do sistema garantiria uma assistência melhor para os idosos.

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