São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Campanha do meio voto

No começo da campanha, o deputado Aloísio Vasconcelos (PMDB-MG) fez uma visita à sua chefe política na pequena Ibitiura, Ana Maria Rodrigues.
O encontro tinha o objetivo de instruir a moça na distribuição dos recursos de campanha. Aloísio explicou:
– Ana, é o seguinte: o dinheiro está pouco e temos que gastar o mínimo. Então você parte tudo pela metade. Se um cabo eleitoral vier pedir R$ 50 para um transporte, você dá R$ 25. Se pedirem 200 cartazes, dê 100. Se quiserem 500 santinhos, dê 250.
Ana acatou a sugestão sem contestar. Aloísio remeteu dinheiro e material e não foi mais cobrado.
Passou várias vezes pelo município e tudo parecia funcionar na mais perfeita ordem. Até que, na semana passada, no último giro da campanha, o deputado foi interceptado pelo cabo eleitoral Joaquim Euzébio:
– Deputado, o senhor me desculpe, mas que campanha mais doida é essa? Pois veja, eu fui pedir uma ajuda a dona Ana para enterrar um amigo nosso que morreu e sabe o que ela me disse? Que eu tinha de dividir o defunto ao meio!

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