São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Itamar manda suspender demissões de petroleiros

Presidente negocia hoje com grevistas; Vicentinho sugere volta ao trabalho
Do enviado especial a Juiz de Fora, das Sucursais e Reportagem Local
O presidente Itamar Franco determinou ontem à Petrobrás que suspendesse, por 24 horas, as demissões de petroleiros em greve.
Itamar quer primeiro tentar um acordo do governo com os petroleiros. Para isso, vai receber em Juiz de Fora, às 11h, o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Antonio Carlos Spis.
Participarão da audiência os ministros Ciro Gomes (Fazenda), Delcídio Gomes (Minas e Energia) e Marcelo Pimentel (Trabalho).
A proposta que Vicentinho vai apresentar a Itamar prevê a volta ao trabalho, mas sem demissões, ``de cabeça erguida, mesmo que seja para discutir a questão dos salários a posteriori".
Os trabalhadores queriam 108% e a Petrobrás ofereceu 13,54%.
Os petroleiros também encaminharam ontem a Pimentel a proposta de voltar ao trabalho ainda hoje, caso a Petrobrás concorde em oferecer sua proposta inicial.
Segundo Spis, a proposta inicial era mais favorável aos trabalhadores, principalmente no que se refere a cláusulas sociais, como a estabilidade no emprego, do que a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) do dia 30.
A Petrobrás havia anunciado que começaria a demitir ontem mesmo os petroleiros que faltassem ao trabalho, pois o TST considerou a greve ilegal, o que torna possível demissões de grevistas sem justa causa. Diante disso, Vicentinho procurou Itamar.
Pimentel afirmou ontem que, caso não seja encontrada uma saída negociada para o fim da greve, a Petrobrás começa a demitir hoje.
Para o ministro do trabalho, ``são 50 mil petroleiros pondo em risco o interesse de 140 milhões de brasileiros que estão querendo o sucesso do Plano Real".
Segundo Pimentel, a Petrobrás vai mesmo descontar os dias parados, mas pode dividir o prejuízo (descontando em parcelas).
Spis informou ainda que até ontem à tarde somente 20% da produção nacional de petróleo estava em atividade. Ele reiterou que não faltará combustíveis, o que foi confirmado por Pimentel.
Continuam paradas, ontem, segundo a FUP, oito refinarias, a fábrica de asfalto do Ceará, as duas fábricas de fertilizantes da Bahia e de Sergipe, as áreas de produção do Recôncavo Baiano e as plataformas marítimas.

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