São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Sensacionalismo na Paulista

IVES DE FREITAS

Na busca de um espaço na mídia, hoje absorvida pelo processo eleitoral, a Prefeitura de São Paulo apela novamente com o seu peculiar marketing político, aqui e agora.
Por mais uma vez, arma e planta a insegurança pública, com uma revelação aparentemente ``inédita" e ``bombástica": os riscos de explosão na mais paulista das avenidas de São Paulo.
A exemplo do ocorrido em fevereiro de 1993, ou seja, no início da atual administração, a prefeitura realizou nova vistoria nas galerias subterrâneas existentes no trecho entre as avenidas Paulista e Augusta, conferindo um caráter sensacionalista junto à imprensa e alarmista com a população.
Este ``filme" já visto e revisto agora pela Folha, demonstra que o alegado ``risco" é significativamente inferior à responsabilidade envolvida da própria prefeitura na denúncia reapresentada após 19 meses, sem que nenhuma providência tenha sido tomada no período.
Os índices diferenciados de gás metano, resultantes resíduos orgânicos, detectados nas galerias subterrâneas remanescentes do projeto viário encetado e sustado na avenida Paulista, no início da década de 70, exigem medidas simples e imediatas, dispensando uma nova ``mise-en-scêne".
Promover a eventual sucção e pressurização nas áreas com concentração de gás, remover definitivamente as fontes e resíduos orgânicos ainda presentes, instalar preventivamente tubos de exaustão permanente e destinar uma ocupação de uso compatível para os mais de 7.000 m2 não interligados de galerias subterrâneas, são medidas mais do que factíveis para os dois anos que ainda restam para a administração Paulo Maluf.
O Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo defende que as políticas públicas, particularmente afetas às questões urbanas, habitacionais, ambientais e de segurança de uso, sejam desenvolvidas num processo de conscientização direta da população, resgatando os seus direitos de cidadania, onde o poder público deve desempenhar um papel indispensável e fundamental.
Sem qualquer alarde, o que se depreende do caso, é que se há ``risco" ou falta segurança, a questão não envolve a avenida dos paulistas mas a prefeitura dos paulistanos.

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