São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994
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A eleição continua

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Morna no início, a eleição vai esquentar agora no segundo turno da disputa pelos governos estaduais. Embora já seja presidente eleito, Fernando Henrique estará no centro da confusão.
Mantém-se a indefinição nos Estados política e/ou economicamente mais importantes. Alguns exemplos: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. Há ainda o caso de Brasília.
No primeiro turno, Fernando Henrique flutuava sobre as disputas regionais. Tinha uma posição cômoda. Em alguns locais dispunha de mais de um palanque.
Era o caso de Minas Gerais, onde foi cortejado pelos dois principais contendores: Hélio Costa, do PP, e Eduardo Azeredo, do seu PSDB.
Em Brasília, registrava-se um quadro semelhante. Fernando Henrique ora se insinuava como aliado de Maria de Lourdes Abadia (PSDB), ora pisava no palanque de Valmir Campelo (PTB).
Mais do que nunca, o apoio de Fernando Henrique será disputado. O novo presidente tem duas alternativas: ou some e foge do tiroteio, ou se define por um candidato em cada Estado.
Auxiliares de Fernando Henrique analisavam ontem as vantagens e as desvantagens de cada uma das táticas. Concluiu-se que ambas são péssimas.
Se optar claramente por um candidato, transformará o outro concorrente num inimigo. E tudo o que Fernando Henrique não deseja no momento é colecionar inimigos.
Se optar por manter distância das querelas regionais, terá não um, mas dois inimigos em cada Estado. O problema é delicado mesmo nos locais em que um dos concorrentes é do PT –Brasília e Rio Grande do Sul.
A idéia de atrair petistas para o governo, embora ainda não descartada, parece inviável. Mas Fernando Henrique quer, pelo menos, contar com uma oposição civilizada do PT.
Daí o receio de envolver-se diretamente nas disputas regionais. Em Brasília, de resto, o PSDB local pende para uma aliança com o petista Cristóvam Buarque e não com Valmir Campelo, do mesmo PTB que apoiou Fernando Henrique na briga nacional.
O futuro comportamento de Fernando Henrique é uma incógnita. Se dependesse de sua vontade, sumiria. É o que deve fazer, aliás, na próxima semana. Mas terá de decidir se tomará ou não partido nos Estados.
No caso de São Paulo, dificilmente terá condições de se ausentar. Contra a vontade, terá de ajudar Mário Covas.

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