São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994 |
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Governo quer evitar déficit fiscal em 95
VIVALDO DE SOUSA; LILIANA LAVORATTI
É consenso entre FHC e a equipe econômica –montada quando ele foi ministro da Fazenda– que as reformas estruturais, consideradas a quarta fase do Plano Real, só serão negociadas com o Congresso Nacional em 1995.` A principal preocupação do atual e do próximo governo a médio prazo é consolidar a terceira fase do plano, iniciada com o real, e garantir o equilíbrio fiscal em 1995. No ano que vem, por exemplo, acaba o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras), que deve arrecadar R$ 4 bilhões este ano. Em sua primeira entrevista após as eleições, Fernando Henrique previu um rombo de R$ 10 bilhões no OGU (Orçamento Geral da União) de 95. Além de manter o IPMF, FHC estuda maneiras de agilizar o programa de privatização e intensificar a fiscalização da Receita. A curto prazo, os problemas são os seguintes: repique da inflação em outubro, pressões pela reindexação dos salários e por reajustes de preços. A avaliação da equipe econômica é que o fim da reindexação de salários é uma batalha quase ganha, mas que será enfrentada todos os meses até julho de 1995, quando será concedida a última reposição automática pelo IPC-r (o índice oficial de inflação, usado para a correção salarial). No caso dos preços, a principal arma do governo é a redução da alíquota do II (Imposto de Importação). Essa medida pode forçar a queda dos preços e da inflação devido ao aumento da oferta de produtos importados. Além destes, existe o fator político provocado pela virtual eleição do senador Fernando Henrique Cardoso como presidente da República diretamente no primeiro turno. Com esta vitória, o governo ganha mais liberdade de ação para preparar o combate aos aumentos de preços que considerar abusivos. Outra dificuldade a ser enfrentada é a meta de expansão da base monetária (papel moeda em poder do público mais as reservas bancárias). Com inflação baixa e grande procura por reais, a previsão é de estouro da meta do trimestre outubro/dezembro (R$ 8,5 bilhões mais 20%). O governo considerou vitoriosa sua atuação no mês passado –apelidado de ``setembro negro" devido à data-base de grandes categorias de trabalhadores, como os bancários e petroleiros. Nenhuma das duas categorias conseguiu que suas reivindicações fossem aceitas. O repique da inflação neste mês, já previsto até mesmo pelo ministro da Fazenda, Ciro Gomes, está sendo esperado por causa dos problemas da seca e a chegada da moda primavera-verão. O reajuste do salário mínimo em setembro –de R$ 64,79 para R$ 70,00– também é um fator de pressão da inflação. Texto Anterior: Prefeitura anuncia pacote de privatização Próximo Texto: Ciro tenta mostrar que importação compensa Índice |
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