São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Lula derrota FHC em 6 capitais e em Brasília

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a eventual reformulação do PT for feita em cima do mapa eleitoral, ganham os petistas do Rio Grande do Sul.
Foi esse o único Estado em que Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu mais votos do que Fernando Henrique Cardoso, se se excluir o Distrito Federal, que não é Estado.
Além disso, o apego de Brasília ao PT não é novidade: já em 89 foi a única unidade administrativa em que o candidato do PT superou Collor no primeiro turno.
Dois fatores parecem confluir para explicar o sucesso petista no extremo Sul: o declínio de Brizola (de 60% em 89 para os cerca de 15% de 94) e o prestígio das administrações do PT em Porto Alegre.
Tanto Olívio Dutra, agora candidato ao governo, como Tarso Genro, atual prefeito, mantiveram bons índices de popularidade, nas sucessivas pesquisas do Datafolha sobre o desempenho dos prefeitos das principais capitais.
Mas esse raciocínio não valeu para o Espírito Santo. Vitor Buaiz, candidato do PT ao governo, deve ter tido um bom desempenho como prefeito de Vitória (até 92), a julgar pelo fato de ter chegado em primeiro lugar no turno inicial.
Mas Lula, no Espírito Santo, ficou rigorosamente dentro da média de votos que obteve em todo o país (cerca de 26%).
Fora o Rio Grande e o DF, o desempenho do PT foi acima da média em boa parte do Nordeste. Lula ganhou de FHC em Teresina (PI), São Luís (MA) e Aracaju (SE).
São capitais de Estados tradicionalmente pefelistas (os governadores são do PFL, que agora disputará o segundo turno em todos eles, com candidato próprio no Piauí e no Maranhão e apoiando o tucano Albano Franco em Sergipe).
No Norte, Lula derrotou Fernando Henrique em Belém (PA).
Em todos esses Estados, menos no Maranhão, Lula obteve votação superior à sua média nacional. Também ficou acima da média na Bahia e em Pernambuco.
Difícil é encontrar algum traço de ligação que justifique um bom desempenho em Estados tão diferentes, geograficamente e também no comportamento do PT.
No Pará e no Piauí, o partido ficou isolado, aliado apenas a micropartidos (PV e PSTU, no Pará, e PSB no Piauí).
Mas entrou nas enormes frentes que levaram Miguel Arraes ao governo de Pernambuco e Jackson Barreto (PDT) ao primeiro lugar em Sergipe.
Na Bahia, apoiou Jutahy Magalhães Jr., um dissidente do PSDB, que ficou em terceiro, longe dos dois primeiros (Paulo Souto, do PFL, e João Durval, do PMN).
Outro número aparentemente inexplicável: Lula melhorou seu desempenho em todos os Estados, na comparação com o primeiro turno de 1989, menos em Minas.
Neste, que é o segundo maior colégio eleitoral do país, Lula apenas repetiu os cerca de 21% obtidos cinco anos antes.
Apesar de o Rio Grande do Sul ter-se transformado em uma espécie de fortaleza petista, não foi nesse Estado que Lula obteve o maior percentual de votos.
Ficou com cerca de 33%, aproximadamente três pontos menos do que os 36% alcançados em Pernambuco e Sergipe e dois pontos menos do que os 35% da Bahia.
Para fechar o paradoxo, em Alagoas, vizinho de Sergipe, Lula teve seu pior resultado (11%).

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