São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Norma ISO 9000 não deve ser `camisa-de-força' para empresas

DA REPORTAGEM LOCAL

Exibir o certificado de qualidade ISO 9000 significa para a empresa provar sua competência. A obtenção do diploma da qualidade requer grande envolvimento dos funcionários e o cumprimento de normas rígidas. Mas cuidado. A ISO 9000 não deve transformar a companhia em escrava da burocracia.
O alerta é de José Joaquim do Amaral Ferreira, diretor da Fundação Carlos Alberto Vanzolini e professor da Escola Politécnica da USP. Ferreira detalhou os procedimentos que cercam a ISO 9000 em palestra na Folha, na última terça-feira, dentro da série ``A Busca da Qualidade Total".
Segundo Ferreira, não existe receita pronta para a empresa chegar à ISO 9000, norma que padroniza os processos de produção criada em Genebra pela International Organization Standardization (ISO).
``As empresas devem encarar a ISO como uma grande ferramenta para padronizar o processo produtivo, mas não como algo burocratizante, que não permite mudanças", afirma Ferreira.
O princípio básico da norma determina que a qualidade deve ser mantida por um sistema de rotina. Ferreira acrescenta que essa rotina deve fluir sem sacrifícios.
A ISO 9000 só é possível com a implantação de um sistema de qualidade na produção. A empresa pode optar por fazer isso com recursos próprios ou com a ajuda de uma consultoria.
``Para começar é preciso montar um manual da qualidade, com os princípios gerais da empresa. Esse manual deve conter recomendações como só comprar de fornecedores habilitados", diz Ferreira.
Em seguida é necessário estabelecer procedimentos, como a forma que será usada para cadastrar esses fornecedores.
Em terceiro lugar ficam as instruções de trabalho, que detalham como proceder para comprar matéria-prima, por exemplo.
``A reunião desses itens gera um sistema amarrado que garante o processo de qualidade", afirma.
Ferreira lembra que a decisão de perseguir a ISO 9000 deve partir sempre da alta direção da empresa.
Um bom começo é a criação de comitês internos para desenvolver o processo de qualidade.
``Eles devem ter sempre um representante da alta gerência para resolver problemas como os representados pela resistência de funcionários ", afirma Ferreira.
Implantado o processo de qualidade baseado no que diz a norma ISO 9000, a empresa deve chamar uma entidade certificadora. A fundação Vanzolini atua nessa área.
As empresas certificadoras fazem uma detalhada auditoria nos procedimentos internos da companhia. Cobram entre US$ 5 mil e US$ 30 mil, dependendo da complexidade da análise.
O certificado atestando o cumprimento da norma ISO 9000 vale por três anos.
``Depois a empresa é visitada a cada seis meses ou um ano pelos auditores", afirma Ferreira.
Não existe hierarquia entre as diversas normas ISO. A de número 9002, por exemplo, difere da 9000 porque é concedida a empresas que não desenvolvem projetos. Elas recebem projetos prontos da matriz, como as montadoras de carros.

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