São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Bingos trazem poucos lucros ao esporte

MÁRIO MOREIRA; MÁRIO MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 13/10/94

O bingo do São Paulo é permanente e não beneficente, conforme afirmou incorretamente a legenda.
Bingos trazem poucos lucros ao esporte
MÁRIO MAGALHÃES
As empresas que exploram o jogo têm sido as principais beneficiadas pelo funcionamento dos bingos em parceria com clubes e entidades esportivas.
O funcionamento desses bingos foi autorizado pela lei 8.672/93, conhecida como Lei Zico, e regulamentado pelo decreto 981/93.
Seu objetivo original era compensar o fim de incentivos fiscais para o esporte, gerando uma nova fonte de receita para os clubes e entidades desportivas.
O que tem ocorrido na prática é que, como os clubes não possuem capacitação técnica para administrar os bingos, acabam contratando empresas especializadas.
Com isso, em muitos casos, as instituições esportivas se sujeitam a receber valores líquidos inferiores aos das administradoras.
É o caso da Federação Estadual de Remo do Rio de Janeiro. Ela receberá apenas 2% do faturamento do seu bingo, que está para ser inaugurado. O empresário Chico Recarey, operador do negócio, ficará com 33%.
``Os bingos são mais vantajosos para as empresas que os administram do que para os clubes", afirma Sílvio de Barros Filho, diretor de Controle e Planejamento do São Paulo, que desde maio mantém o Bingo Pamplona.
``Por não serem do ramo, os clubes acabam ficando sem acesso à direção dos seus bingos e se sujeitando a receber apenas o valor líquido que sobrar após a remuneração da empresa", diz ele.
``Os clubes e entidades estão ganhando pouco porque seus dirigentes são uns babacas", afirma o ex-secretário nacional de Desportos Márcio Braga, que estava no cargo quando da regulamentação da Lei Zico.
``Há sacanagem, malandragem, corrupção e, provavelmente, comissão aqui e ali", diz ele. Braga acredita que, a se manter a atual situação, o governo revogará a Lei Zico. ``Eu já teria feito isso."
A Folha apurou que a Secretaria de Fazenda de São Paulo tem recusado a autorização para o funcionamento de bingos no interior, por suspeitar que empresas especializadas estariam fazendo acordos com certos clubes para que eles abrissem bingos e permitissem altos lucros às empresas.
A tendência aponta para um investimento cada vez maior nos bingos. O Comitê Olímpico Brasileiro lançou um, com sorteios de carros e apartamentos pela TV.
Em São Paulo, os principais clubes de futebol já abriram bingos, variando apenas a modalidade: o São Paulo e o Corinthians têm bingos permanentes (os tradicionais, em salões de apostas); o Palmeiras, um telebingo; e a Portuguesa, um bingo de campo (realizado no estádio do clube).
No Rio, a maior participação na sociedade com empresários do ramo é a do Flamengo, cujo bingo ainda não foi inaugurado. O clube ficará com 8,5% da receita bruta e a empresa Datagame, com 26,5%.

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