São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994 |
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`A Sereiazinha' conquista pelo riso
MÔNICA RODRIGUES COSTA
O desenlace obedece ao tom trágico do conto, mas a solução encontrada não chega a ser cruel. Não provoca angústia, como ocorre a algumas crianças quando lêem os contos de Andersen, que trazem a marca da melancolia. Nem os personagens maus são maus de verdade. Todo mundo morre de rir com a interpretação do sapo, por Jorge Julião. Porque tem um repertório conhecido, o espetáculo, dirigido por Eduardo Martini (que também assina os figurinos), desperta o interesse das crianças por comparações. Meu interlocutor sobre montagens para crianças, Marcelo, 7, comentou que os personagens maus da Disney ``são mais realistas". Na peça, atos tristes são encenados com humor, mas a referência à história original não fica perdida, a comicidade não cria um novo enredo sob pretexto de adaptação. O sapo Caríbedes é o ajudante da bruxa Cila (Cibele Troyano). Os dois fazem o melhor do espetáculo. O sapo traduz com expressões hilariantes as falas de Cila, como se fosse um dicionário. Ótimo recurso na peça, especialmente quando a explicação é acompanhada pelos gestos ágeis do ator. Cila chama a mãe-sereia, Pacífica (Noemi Gerbelli), de ``pirambóia", peixe que vive enterrado na lama. Pergunta, a cada ataque do sapo, se ele ``está fazendo teatro". Faz ``buu" e pergunta se as sereias estão assutadas. Estão. As sereias fazem ``sim" com a cabeça e obedecem às ordens da bruxa. São muito engraçadas, conversam em tom de voz alterado, às vezes em falsete, mas sem ``desafinar". Todas cantam bem, só a movimentação é que falha, talvez pelas caudas de sereias, que limitam os gestos, talvez pelo tamanho pequeno do palco. O cenário tem as características peculiares de Renato Scripilliti. Ele consegue ampliar o espaço subindo e descendo ``cortinas" e painéis que emolduram as cenas. Peça: A Sereiazinha Elenco: Patricia de Sabrit, Vanessa Gerbelli, Silvia Handro, Ronaldo Vianna, Jorge Julião e outros Onde: Teatro Bibi Ferreira (av. Brigadeiro Luiz Antônio, 931, tel. 011/606-0572) Quando: sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 8,00 Próximo Texto: Mostra resgata ação por trás das câmeras Índice |
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