São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Caminho de Quércia não é o meu, diz Fleury

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

`O caminho que o (Orestes) Quércia vai seguir é o caminho do Quércia e não será nunca o meu caminho", disse ontem o governador Luiz Antonio Fleury Filho sobre o segundo turno em São Paulo.
A declaração é sinal de uma ruptura iminente entre Fleury e seu predecessor no governo do Estado.
Entre os peemedebistas de São Paulo, é dado como provável o apoio de Quércia ao candidato do PDT à sucessão paulista, Francisco Rossi. Fleury deve liberar seus liderados para apoiar o tucano Mário Covas.
O governador participou ontem, ao lado de dirigentes tucanos, da missa de segundo aniversário da morte do deputado Ulysses Guimarães, no Memorial da América Latina.
Estavam presentes, entre outros, Tasso Jereissati, governador eleito do Ceará, e Marcello Alencar, que disputa o segundo turno no Rio contra Anthony Garotinho (PDT).
A missa foi rezada por iniciativa do Palácio dos Bandeirantes. Quércia e lideranças quercistas não compareceram. O candidato derrotado do PMDB à Presidência descansa com a família na ilha de Santa Lúcia, no Caribe.
Também não apareceu Barros Munhoz, candidato do PMDB derrotado ao governo de São Paulo. Perguntado se os quercistas e Munhoz tinham sido convidados para a cerimônia, o governador se limitou a dizer que tinha anunciado a cerimônia nos jornais.
A Folha apurou que o governador mobilizou um amigo seu para telefonar aos tucanos, convidando-os especialmente para a homenagem à memória de Ulysses.
Oficialmente, Fleury declara que se manterá equidistante entre Covas e Rossi. Argumentou que seu partido estava dividido e que não faria sentido se desgastar com um engajamento pessoal.
Jereissati disse não ser possível ``que São Paulo volte a errar na escolha de seu governador". A última escolha foi justamente a de Fleury, que agora lança uma ponte em direção aos tucanos.

A missa
O saguão de festas do Memorial da América Latina estava preparado para um culto religioso, mas virou um ato político.
O altar improvisado atrás de uma mesa de mármore escuro, um órgão e um coral previam que os dois anos da morte de Ulysses fossem austeramente lembrados por cerca de 150 de seus amigos.
O monsenhor Dario Bevilacqua, pediu que trechos da Bíblia fossem lidos ao microfone pelo governador Fleury.
Essa era a parte visível da coreografia. Os assuntos que corriam soltos eram a aliança entre PMDB e PSDB no Congresso e o segundo turno da sucessão estadual.
Ao fim da missa, a coreografia se complicou. Fleury retardou a saída para abraçar Covas, que igualmente estendeu sua permanência no salão do Memorial para postergar o abraço inevitável "do governador".

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