São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Navio deu origem ao `verão da lata' no Rio

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

As cerca de 14 mil latas de maconha atiradas no litoral do Rio pela tripulação do Solana Star em setembro de 87 transformaram o verão que se seguiu no ``verão da lata".
Após zarpar da Austrália com destino aos EUA, o navio ancorou na baía de Guanabara para reparos. Anteontem, já com o nome de ``Tunamar", o barco naufragou no litoral norte do Rio.
Em 87, antes de ancorar, temendo um flagrante da polícia marítima, os tripulantes resolveram se livrar da carga comprometedora, jogando as latas de maconha enquanto estavam em alto-mar.
Quando as primeiras latas –com cerca de um quilo de maconha– chegaram às praias e seu conteúdo foi experimentado, descobriu-se que a qualidade da erva era superior à da vendida no país.
``Era maravilhosa", lembra hoje o líder de uma banda de rock carioca que fazia sucesso na época e não quer seu nome publicado. O deputado federal eleito Fernando Gabeira (PV) não experimentou, mas ouviu boas referências.
A expressão ``da lata" logo foi incorporada ao vocabulário da época e era usada para qualificar tudo o que era de bom nível. ``Da lata", dizia-se para elogiar uma festa ou um prato gostoso.
A PF também montou seus postos de observação e conseguiu ``pescar" cerca de mil latas. No início do verão, foi preso o primeiro traficante vendendo maconha da lata, na Urca, bairro da zona sul.
A imagem das latas prateadas ficou tão famosa que camisetas foram impressas com o recipiente. No Carnaval seguinte, a lata tornou-se tema de marchinha e as tais camisas, uniforme de um bloco.

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