São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Preços de matérias-primas disparam

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços de metais não-ferrosos –como alumínio e cobre– e de plásticos, borracha e sucata de ferro subiram até 95% de janeiro a outubro deste ano sobre igual período de 1993.
A disparada das cotações se dá tanto no mercado externo quanto no interno (com exceção da borracha) e pressiona os custos das indústrias consumidoras.
Quem liderou o aumento no mercado internacional foi o polipropileno –de 95%, no período. No Brasil, a alta foi de 16%.
A segunda maior elevação (nos mercados interno e externo), de 46%, ficou por conta do lingote de alumínio. A tonelada do produto, que custava US$ 1.111 em janeiro deste ano, sai agora por US$ 1.620.
A puxada nos preços das commodities coincide com o aumento do consumo no mercado interno. Resultado: os fabricantes de matérias-primas estão deslocando parte das vendas ao exterior para o país.
Com isso, eles saem até ganhando. Como o real está valorizado frente ao dólar, os negócios fechados em moeda nacional são mais atraentes do que as vendas em moeda estrangeira.
O que desencadeou a realocação das vendas de matérias-primas para o mercado local foi o aumento no consumo de automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos, autopeças e de apartamentos, depois do real, grandes usuários destas commodities.
As vendas de aços planos, por exemplo, aumentaram 15% de janeiro até agora sobre igual período de 1993 no mercado interno. Por isso, a Usiminas, grande fabricante de aço plano, já reduziu os embarques.
Em 1993, a empresa exportou 45% da produção –de 3,75 milhões de toneladas de aço. Neste ano, suas vendas para o exterior não devem superar 30%.
A indústria de aço, de forma geral, que, antes do real exportava metade da produção –de 25 milhões de toneladas por ano– hoje vende de 38% a 40% ao exterior.
A demanda pelo produto no mercado local está concentrada na indústria automobilística e na construção civil. O setor automobilístico consome cerca de 8 milhões de toneladas de aço por ano. A construção civil consome 6 milhões de toneladas de aço anualmente.
Os 11 milhões de toneladas restantes estão divididos entre a indústria de eletrodomésticos, de bens de capital e exportações.

Plásticos
``As exportações de polipropileno estão praticamente zeradas", afirma Carlos Mariani Bittencourt, presidente da Abiquim, que reúne a indústria química.
A indústria de termoplásticos foi forçada a tomar esta medida por causa do aumento de 40% nas vendas no mercado nacional a partir de agosto.
Celso Hahne, presidente da Abiplast, que reúne a indústria de material plástico, diz, no entanto, que os seus fornecedores não estão dando prioridade ao mercado interno.
``Há atrasos nas entregas de matérias-primas usadas na fabricação de materiais plásticos", afirma.
O grande consumidor de termoplásticos são os fabricantes de embalagens plásticas flexíveis, que registraram aumento de 20% nas suas encomendas neste ano sobre 1993.

Alumínio
Já a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) informa que só vai reduzir a exportação em 1995. Motivo: a empresa tem de honrar contratos fechados no exterior. A CBA exporta 60% das 220 mil toneladas que produz por ano.
``Se não tivéssemos contratos a honrar, venderíamos tudo no mercado interno porque o câmbio hoje está desfavorável às exportações", diz Alcir Castanho Sávio, diretor da CBA.
Já o cobre e a borracha, matérias-primas cuja produção nacional é insuficiente, a expansão do consumo provocou aumento da importação.
No caso do cobre, as importações do concentrado e dos derivados do metal cresceram 20% a partir de julho.
A Caraíba Metais, a única produtora do metal no Brasil, está com a produção comprometida até o final do ano. Na borracha, a demanda por artefatos cresceu 25% de setembro até agora.

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