São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Alta do aluguel continua pressionando a inflação

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os aluguéis continuam pressionando a inflação. Os acordos entre inquilinos e proprietários ainda estão acontecendo, elevando os valores convertidos para real em julho.
Segundo Hubert Gebara, conselheiro da Fenadi (Federação Nacional das Administradoras de Imóveis), essa situação deve perdurar pelo menos até dezembro. Depois, ele acredita que haja uma ``acomodação" no mercado.
Vale lembrar, entretanto, que em janeiro de 95 os proprietários podem pedir revisão dos aluguéis. O que indica que a tendência de alta deve continuar no ano que vem.
Pressionados pela falta de imóveis disponíveis para locação e pelos altos valores dos aluguéis iniciais, os inquilinos que relutaram em fazer acordos na virada para o real estão aos poucos cedendo às exigências dos proprietários e imobiliárias.
Com isso, os aluguéis dos contratos em andamento chegam a alcançar entre 70% e 80% do valor de mercado (cobrado pelos imóveis vagos), que já está ``inchado" pela procura maior que a oferta.
Os resultados podem ser medidos pelo peso do item habitação no Índice de Custo de Vida (ICV) do Dieese, no mês passado, no município de São Paulo.
Embora a alta de preços para famílias com renda mensal entre um e 30 salários mínimos em setembro tenha sido de apenas 0,96%, os aluguéis subiram, em média, 21,93%, enquanto as prestações da casa própria aumentaram 19,07%. O que resulta em uma alta de 7,98% no grupo habitação.
Para José Maurício Soares, coordenador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), há acordos que prevêem, ainda, reajustes em prazos menores que um ano, em desacordo com as regras do Plano Real.
Soares cita como exemplo um imóvel que faz parte da pesquisa do Dieese. Segundo ele, o aluguel era, em março, mês de reajuste semestral, correspondente a R$ 247,00. Na conversão para a nova moeda, em julho, passou para R$ 500,00, com previsão de nova alta este mês, resultando em R$ 650,00.
A falta de imóveis disponíveis para locação pode ser medida pelo resultado da pesquisa mensal da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios), referente a agosto.
Foram oferecidos naquele mês, na cidade de São Paulo, 2.600 imóveis residenciais para locação. Segundo José Roberto Graiche, presidente da associação, seria necessária uma oferta mensal entre 6.000 e 7.000 imóveis para atender à procura.
Apesar disso, o valor do aluguel inicial vem se mantendo estável desde julho, segundo a pesquisa da Aabic. Para Graiche, isto está ocorrendo porque já foi atingido o limite possível de ser absorvido pelo mercado.
Hubert Gebara, entretanto, detectou uma tendência um pouco diferente. Pela pesquisa feita por sua imobiliária, os aluguéis iniciais continuaram subindo o mês passado, e acima do IPC-r.
Nesse caso, além dos acordos, os valores dos aluguéis iniciais seriam também fator de pressão sobre os índices de inflação.

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